Rapidinhas de BD – Empowered vol. 8; Powers Bureau vol. 1

Empowered vol. 8 de Adam Warren


Já aqui falei desta BD em mais do que uma ocasião. Inclusive, foi também tema de um muito popular artigo sobre o sexo na BD (mas porque raios é este o artigo mais lido do meu Blog?). Todos os elogios que dedico ao trabalho do escritor/desenhista Adam Warren com a sua Emp (a protagonista) são pequenos. Não se trata de uma BD que estimula (ui… a escolha das palavras) a mente, mas entretém para lá do necessário. Cada volume é forte no enredo e nos impressionantes desenhos, estes uma mistura de mangá e comics.

Já que dedico tantas palavras a Empowered achei que desta vez deveria tecer dedicados elogios aos diálogos, um dos fortes desta obra. Cada personagem é obviamente apetrechado com a sua própria voz, mas é na cadência dos termos, na sua escolha, no fraseamento, que reside a genialidade do trabalho de Warren, um pleno planeador de pungentes partilhas de personalidade pela palavra - sim, a aliteração é bastante usada, de forma bastante humorística (veja-se o delicioso e verboso deus cósmico aprisionado num cinto pousado na mesa de café da nossa heroína). Todos os personagens falam muito e de forma musical, sublinhada, viva, ainda que uma forma mais dramática da vida. Eles gritam, eles excitam-se (em muitos sentidos da palavra), eles discutem. Adam Warren perde muitas páginas a deliciar-se com a construção da sua peça de teatro pós-moderna e em forma de narrativa gráfica. Tudo servido junto com corpos e situações muito sexy.

A história deste volume encerra uma viagem ao inferno em nome do amor o que, bem vistas as coisas, parece não ter muito a ver com o quadro humorístico e sexual que pintei.

Powers Bureau vol. 1 de Brian Michael Bendis e Michael Oeming



Hoje decidi dedicar-me aos mestres do diálogo na BD e Brian Michael Bendis é, sem dúvida, um dos grandes. Desde que ficou “mundialmente” conhecido pelo trabalho que fez nos Vingadores dos meados da primeira década do século XXI, fase que durou sete anos, que este escritor tem sido chamado pela Marvel para uma variedade de projetos. Além dos Vingadores já colocou os dedos no Demolidor (numa run apenas inferior à do lendário Frank Miller, o criador de 300 e Sin City), na Mulher-Aranha, nos X-Men, nos Guardiões da Galáxia, no Ultimate Homem-Aranha, etc. Possui uma peculiar forma de tratar a estrutura da história, focando-se mais na personalidade e diálogos dos personagens e muito menos no enredo. Foi, desde cedo, considerado um dos mestres da descompressão narrativa (Bendis demora várias páginas para contar o que outros, por vezes, contavam em apenas um quadradinho). Ler uma história de Bendis é como assistir a um filme de Tarantino.

Contudo, este autor distinguiu-se primeiro no trabalho autoral independente, com obras como Torso e este Powers, originalmente da editora Image. Powers mistura super-heróis com literatura noir, centrando-se nas desventuras de dois polícias que tem como especial incumbência a investigação de crimes relacionados com a comunidade super-heroística. Sempre com o desenhista Oeming, Bendis constrói um mundo negro, onde os heróis estão longe de ser luzes de bondade e salvação.


Este primeiro volume de Bureau transfere o cenário da pequena escala de uma única cidade para o palco nacional e internacional. Os dois protagonistas são agora agentes federais do FBI incumbidos de monitorar as atividades dos super-seres a uma escala mais condizente com o que associamos a estas criaturas mega-poderosas. A parelha de autores continua em cima de forma e fica apenas o dissabor de, devido aos muitos projetos que o escritor tem, esta série não sair com mais regularidade.


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