Uma BD aqui, outra BD ali, 18

Há quem diga que os floppies estão a morrer - panfletos, como lhes chama um amigo; comics, como todos os conhecem. Espero que não porque adoro devorá-los! É um prazer que rezo para nunca acabar. De vez em quando, escrevo umas breves palavras sobre alguns que gostei. Só isso: gostado. Não são nem melhor nem pior que outras coisas.

Doomsday Clock número 5 de Geoff Johns e Gary Frank (DC Comics)

Doomsday Clock pretende ser a continuação dos Watchmen de Alan Moore e Dave Gibbons. Ainda não chegamos a metade dos 12 números planeados e qualquer tipo de julgamento é apressado.
Watchmen tem sido sistematicamente julgado pela totalidade da obra e pelo acumular dos anos. É considerado, de forma recorrente e consistente, como a melhor BD alguma vez feita nos EUA. É uma herança impossível de igualar e os dois autores deste DClock não parecem ter essa pretensão. Usam antes a influência que Watchmen teve na BD dos EUA e usam-na como trampolim para uma reflexão acerca do estado dos últimos 30 anos da 9.ª Arte e, mais importante, como um espelho apontado ao nosso mundo real. Neste quinto número, Geoff Johns e Gary Frank avançam nessa reflexão, ao mesmo tempo que começam a descortinar elementos mais herméticos ligados à mitologia do universo DC. E é aí que a DClock pode vir a falhar.

Geoff Johns argumentou que, para ler este DClock, seria apenas necessário ter folheado os Watchmen. Pela leitura deste quinto capítulo, perguntamos-nos se de facto é suficiente - isto tendo em consideração o que sabemos quer da mitologia DC, quer de um evento chamado DC Rebirth. Não vamos tecer qualquer tipo de conclusão precipitada, mas torna-se clara, neste novo número, a presença de heróis e conceitos que são do conhecimento dos leitores assíduos da DC e acreditamos que não dos restantes. Não duvidem que, para os primeiros, essa presença constitui um elemento a favor, mas, para os segundos, poderá originar alguma perda de orientação. A continuação desta obra provará se Jonhs e Frank pretendem iluminar cantos mais obscuros da História da DC para os que a não conhecem.

Independentemente destes factos, os autores continuam a tecer uma história com as doses equilibradas de fanservice e seriedade narrativa. O mundo real entra decididamente pelo enredo dentro, com alusão a pessoas bem conhecidas das nossas notícias, mescladas de forma orgânica na história. Ao mesmo tempo, começamos a descortinar um plano maior que envolverá, sem dúvida, os dois maiores actores de DClock, Super-Homem e Dr. Manhattan - sendo que o primeiro só teve ainda duas breves aparições e o segundo ainda não deu ar da sua graça.

Geoff Johns e Gary Frank podem não chegar às alturas de Alan Moore e Dave Gibbons, mas estão decididamente a tentar. Infelizmente, ainda falta mais de um ano para sabermos se conseguiram.

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