Rapidinhas de Cinema - El Club de Pablo Larraín e Les Anarchistes de Elie Wajeman




El Club de Pablo Larraín é o tipo de filme que não recomendo a quem queira sair bem disposto do cinema. É também por isso que é um filme muito bom. Uma história que, por si, não promete facilidades: uma vivenda perdida na costa chilena alberga padres (e não só) que cometeram actos criminosos, dentre os quais o pior é a pedofilia. Vivem neste degredo acompanhados de uma freira e, um dia, recebem um novo hóspede, um outro padre nas mesmas condições. Os eventos despoletados por esta visita irão colocar em questão a falsa paz daquela casa e a própria natureza da expiação a que estão sujeitos. 

Logo desde o primeiro momento o filme marca a sua assinatura. Aqui as palavras não serão medidas ou contadas com parcimónia.  Os actos destes padres não serão mitigados pelo eufemismo, antes serão cruamente expostos quer pelas vozes dos abusados quer dos abusadores eles mesmos. Enquanto o filme Spotlight tratava deste hediondo tema pelo lado da luta jornalística na descoberta e trazida à justiça dos culpados, O Clube prefere ir directo à fonte e transformar a história naquilo que ela deve ser: desagradável e acusatória. 

A realização é feita a matizes de negro e de desolação, a da costa de areia preta, a da aldeia abandonada pela civilização, um perfeito cenário de afastamento destes homens piores.  A única redenção será aquela que eles e a Igreja podem dar. Ela chega mas de forma matizada, cinzenta, como a moralidade de todos os que estão envoltos neste crimes maiores. Um filme grande mas não aconselhável a todos.

Les Anarchistes de Elie Wajeman vinha com duas grandes atrações para mim: Adèle Exarchoupoulos e Tahar Rahim, dois actores franceses que protagonizaram dois filmes maiores, La Vie D'Adèle e Un Prophéte.  A jovem actriz é, para mim, particularmente especial, porque o filme que a tornou conhecida é um dos melhores que já tive o prazer de ver na minha vida, uma pérola que não me canso de elogiar. Acredito na presença de ecrã de Adèle, porque existe uma força inextinguível e inigualável. É por isso que foi com muita pena que vi este filme menor, um esforço de realização e de história perdido, sem rumo e sem objectivo. Não se percebe se trata-se um filme sobre o movimento Anarquista do final do século XIX em Paris ou de uma história de amor. Poderia ser ambos mas acaba por não ser nada. Os actores acabam por ser, de facto, pela força e talento, o único elogio que pode tecer-se acerca d'Os Anarquistas. De resto, é uma oportunidade perdida.

(PS - é o terceiro filme com Adèle que vejo em que a actriz, de uma forma ou de outra, faz ou tem o sonho de ser professora primária. Que se passa aqui?)

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