Batman v Superman, Dawn of Justice Ultimate Cut de Zack Snyder


Quem lê regularmente este blog sabe do amor que dedico aos personagens da editora dos EUA, a DC Comics. É dela que vêm o Super-Homem, o Batman e a minha personagem favorita de BD: a Mulher-Maravilha.  Quando o filme Batman v Superman (BvS) saiu nos cinemas no passado mês de Março fui dos que o defendeu com unhas e dentes e sangue e suor. Até à inconsciência da razão. Na mais profunda honestidade, não conseguia perceber os seus detractores. Assumo sempre que, no que respeita a estas coisas da Arte, tudo resume-se a gostos e, como tal, cada qual tem o seu. Assim é a democracia. Assim é a subjectividade. Vi o filme várias vezes no Cinema (algo que nunca tinha feito e, portanto, assumo algum militantismo pueril) e mal soube da meia hora adicional desta versão Ultimate Cut não pude conter o entusiasmo e a expectativa de a ver. O filme teria agora três horas e mais três horas tivesse e eu as veria com prazer inabalável.

O que escrevo a seguir sei que parecerá paradoxal mas, acreditem, não é. Ou é, porque o amor é assim. Eu considero o BvS uma obra-prima. Este Ultimate Cut consegue melhorar o que (para mim...cego) dificilmente poderia ser melhorado. Li as criticas ferozes em relação à estrutura narrativa da versão das salas. Que era negra demais. Que era confusa. Rápida. Que o confronto entre estes dois ícones maiores da BD não fazia sentido. Com certeza que, para muitos destes, dificilmente esta versão fará algo para mudar a sua opinião. Continua a ser negro, mas este não é um filme para crianças e esta versão assume-o (ainda mais) frontalmente. Não existe incremento de violência que justifique a classificação maiores de 16 ou 18 mas a complexidade do argumento e dos conceitos arquetípicos  é ainda mais evidente.  A morosidade do enredo é um teste à paciência de quem está habituado a outros vôos (duas horas quase sem nenhuma acção de super-heróis? a Disney passava-se). 

O enredo que dizia respeito ao plano de Lex Luthor era confuso, ou melhor, rápido demais. Esta versão não só corrige isso como acrescenta camadas que o transformam em algo genial e labiríntico.  Muito do que era deixado à percepção do espectador não o é e o filme ganha com isso. Outra das importantes vitorias desta versão de realizador (Snyder ganha a batalha com os produtores que o forçaram aos cortes e legitima a sua versão) é também o papel do Super-Homem/Clark Kent e das suas motivações para confrontar animosamente o Batman. Boa parte das cenas cortadas dizem respeito a este personagem e à investigação jornalística do Cavaleiro das Trevas. O filme, com elas, ganha corpo e equilibra o pendor narrativo que se inclinava para o mais famoso e lucrativo Batman.

Existe uma cena, essa necessária do ponto de vista deste universo partilhado, que trata da introdução do vilão do próximo Justice League: Steppenwolf, general dos exércitos de Darkseid. Dirão: "para quê? Parece que estão a fazer trailers para os próximos filmes". Não sei se o disseram também acerca de quem introduziu este conceito de universo partilhado no cinema, a Marvel, mas, acima de tudo, tenho a dizer: quem lê BD de super-heróis está mais que habituado a este tipo de narrativa. Não é perfeita e pode ser irritante (como eu já aqui o advoguei várias vezes) mas também pode vir de um lado de qualidade, de pathos, de querer construir uma saga mais ampla, como é claramente o caso. São novos mundos no Cinema. Aprendam com eles e, de futuro, pode ser que alguém se sinta inspirado a criar filmes mais ao gosto de outros. 

Um filme que melhora a perfeição. Que mais posso pedir? Venham todos os trailers que se seguem.

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