The Fade Out vol. 1 de Ed Brubaker e Sean Philips e Astro City, Private Lives de Kurt Busiek e Brent Andrerson
Estas duas BD têm, tematicamente, muito pouco em comum. A primeira é a mais recente incursão dos dois autores no universo noir de que tanto gostam (leiam sobre a sua colaboração em Fatale). O segundo é a continuação das histórias do universo de super-heróis criado por estes dois autores e por Alex Ross. Ambas têm abordagens completamente diferentes. Fade Out é uma análise cínica e negra (mas não desapaixonada) de Hollywood nos seus tempos áureos, onde a estrelas eram tão brilhantes quanto escuros eram os bastidores. Astro City verte amor por por todos os poros, uma carta longa, rebuscada e verdadeiramente apaixonada aos universos maiores que a vida dos super-heróis. Contudo, têm também muito em comum. Os quatro autores agarram nas suas paixões e, libertos de prisões, explanam toda a sua arte na concepção de universos e de estilos com os quais estão tão à vontade quanto pássaros a voar. Esta metáfora é, a meu ver, bastante apropriada. Quando deixam os criadores pensarem dentro das suas próprias inclinações e gostos, estes conseguem colocar cá fora o melhor que a sua capacidade criativa tem para oferecer. Uma verdade tão simples e tão difícil de entender por alguns. Uma realidade que deveria ser lugar comum na maior parte da demanda artística e que, muitas vezes, é colocada de parte. Mesmo em trabalhos por encomenda, essa capacidade, esse engenho, não deveria ser curvado. Por observação ao longo dos anos, quando deixam o artista dar vôo à sua imaginação muitas são as vezes em que somos recompensados com obras melhores e, quando a sorte e o destino para isso se conspiram, maiores.
Depois desta conversa estarão à espera que não tenha outra coisa que rasgados elogios a estes dois livros. O prazer que ambos me deram ao lê-los pouco ou nada tem a ver com esta opinião. Se gosto mais ou menos é um problema exclusivamente meu, do que eu procuro numa obra. Tanto Fade Out como Astro City são dois bons exemplos do trabalho conjunto destas duas parelhas. No caso da primeira, Brubaker e Philips, cuja colaboração é já longa, é mais um exemplo do que as inclinações noir de ambos têm para oferecer. Desta vez não temos apenas detectives ou mulheres fatais "Cthulhianas" mas uma exploração do submundo de uma das artes que mais explorou o filão do noir: o cinema. A história começa com um assassínio, como não poderia deixar de ser, e imiscui-se nos meandros dos escritores, produtores, realizadores, da 7.º Arte.
Astro City, Private Lives, é o mais recente volume da já antiga construção que Busiek, Anderson e Ross fazem de um mundo que mistura os arquétipos da Marvel e DC com a visão de deslumbramento ou horror do homem comum quando confrontado com estes universos de super-heróis. A "fórmula" continua a funcionar, se bem que neste conjunto de seis historias nem todas tenham a mesma força - todas contribuem para a macro-história que se está a construir desde o início desta nova série pela Vertigo. Apesar de continuar o deslumbramento, Busiek e companhia têm de tal forma nos habituado à excelência que qualquer coisa um pouco inferior sabe a pouco. Este volume apesar de ser superior à maior parte do que se produz em termos de super-heróis sabe a pouco.
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