A editora de BD Image continua a conseguir aliciar alguns dos maiores nomes da atualidade artística da 9.ª Arte para publicar sob a sua égide. Quem perdem são as grandes, DC Comics e Marvel, e quem ganham são os leitores e, acima de tudo, a Banda Desenhada. Dados rédea solta, estes criadores estão a poder fazer aquilo que sabem fazer melhor, escrever e desenhar as suas melhores histórias, colocar para fora tudo o que há ainda por dizer.
Greg Rucka e Michael Lark são
dois artistas conhecidos por trabalhos não só nas grandes da BD americana como
por alguns projetos paralelos pessoais. Trabalharam em personagens tão
conhecidos como Mulher-Maravilha, Wolverine, Demolidor, Batman, etc.,
mas também em produções independentes como Queen
& Country e Whiteout. Trabalharam
juntos na lendária Gotham Central, série
passada na cidade ficcional do Batman, colaboração
que lhes conferiu o estatuto de culto,
e regressaram com este Lazarus – Gotham Central contava ainda com a imprescindível
colaboração de Ed Brubaker, conhecido por trabalhos no Demolidor, Criminal e Fatale .
A arte de ambos estes artistas
oferece-se a uma conjugação perfeita de ambiente e estilo, militarismo
misturado com noir. Não é portanto de
estranhar que algo desta veia seja aquilo que aparece em Lazarus, uma série passada num futuro distópico, onde famílias
governam a paisagem norte-americana, tendo-a dividida por coutadas. São essas
mesmas famílias aquelas que dispensam “benesses” pelo resto da população, que
vive em diferentes estados de escravatura, diferenciados apenas pela proximidade
ou não dos benfeitores. O cenário metafórico construído é simples, eficaz e
óbvio e, nas mãos de outros criadores (como aliás sempre o digo) poderia ser
algo perfeitamente esquecível. Contudo, as idiossincrasias de ambos,
principalmente as da escrita de Rucka, imbuem a história de uma certa forma de
verdade que a tornam não só profunda como relacionável. O relacionamento que
temos é essencialmente feito através da heroína, Forever, uma espécie de polícia/soldado de uma das famílias, mas
também mais do que isso. Não só é filha do patriarca, como também foi aprimorada
física e psicologicamente de modo a melhor levar a cabo as suas missões.
Contudo, e como não poderia deixar de ser, possui um código moral que, aparentemente,
é bastante diferente do do seu progenitor e irmãos, o que a levará a uma inevitável
rota de colisão – ou pelo menos assim se espera. Pode parecer comida requentada
mas não é.
Não sendo uma das mais originais
premissas a surgir em tempos recentes é, contudo, uma mistura de outras que,
conjugadas pela imaginação de Rucka e Lark criam um todo único e singular.
4 comentários:
Parece catita!
:)
Obrigado, Nuno, pelo comentário.
Por acaso até é. Gostei imenso.
Parece interessante.
Obrigado, Optimus. Sim, é bastante interessante. Nunca li o Gotham Central mas estava com curiosidade em relação a este. Não desapontou. Existem, de facto, coisas maravilhosas a sair da Image nos dias que correm.
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