Coleção Levoir/Público Marvel 2014 – 5.º Volume: Vingadores e Quarteto Fantástico

(Prometo informar os menos conhecedores acerca da acessibilidade desta coleção de BD, ou seja, se é fácil ou não ler sem saber mais coisas)

Grau de acessibilidade: Difícil mas…

Sai amanhã, Quinta-feira, dia 7 de Agosto, junto com Público e custa 8,9€

Brian Michael Bendis, escritor, está para a Marvel da primeira década deste século como Stan Lee esteve para a de 60 do século XX (calma, eu sei que é exagero). Acontece que, desde 2004, quando tomou em mãos os Vingadores e lhes deu uma lavagem geral, o universo Marvel decidiu-se a não ser mais o mesmo – para o bem e para o mal. A história que deu a pedra de toque chamou-se Avengers Dissassembled (publicada pela BDMania/Vitamina BD) e, depois de acabar, literalmente o grupo de super-heróis não seria mais o mesmo. Os Vingadores foram depostos, viva os Novos Vingadores, aos quais adeririam, entre outros, os muito famosos Homem-Aranha e Wolverine, que nunca tinham feito parte do grupo. De uma estocada Bendis tinha conseguido o óbvio – juntar, na mesma equipa, alguns dos mais conhecidos personagens da editora. Não só por causa disso mas muito mais pela sua escrita e enredo o sucesso foi imediato e fulminante.

A Marvel deste século tinha começado a mudar mas não se ficaria por aqui. O esprit de corps entre os vários criadores era estimulado pela editora através de reuniões periódicas onde todos se juntavam para discutir o futuro das histórias. A noção de universo partilhado era cada vez mais omnipresente e Bendis, pelo sucesso que tinha e pelo facto de escrever a mais nuclear e transversal das equipas da editora, tinha bastante influência nos destinos gerais. Destas reuniões saíram todos os grandes eventos da década que se seguiu (e continuam hoje), alguns deles já publicados pela Levoir em coleções anteriores, como por exemplo Civil War e House of M. Estes foram eventos que, de forma muito direta, tinham como centro os Vingadores (mais na Civil War que House of M, já que esta última também envolvia os X-Men).

A Levoir reinicia a publicação destes eventos maiores da Marvel e Vingadores com aquele que, cronologicamente, se segue à Civil War, este Invasão Secreta. Nesta saga, pormenores de enredo e mistérios que existiam desde o primeiro número dos Novos Vingadores de Bendis são finalmente revelados. Por isso, torna-se um pouco complicado para o leitor causal poder acompanhar, com todos os pormenores, o que verdadeiramente se está a passar, mas o trabalho da Levoir e das suas introduções é geralmente irrepreensível e não se espera menos desta vez. Este está longe de ser o melhor trabalho de Bendis (infelizmente) e mesmo do desenhista que o acompanha, o filipino Leinil Francis Yu. Ainda assim, pelo lado do entretenimento, é uma história que toca os pontos mais importantes e avança a macro-narrativa que o escritor tinha planeado para os Vingadores.


Nota final – Eu não partilho da opinião que se tem de saber tudo para acompanhar bem uma história. Parte da “magia” da BD americana reside na descoberta posterior, na paciente reconstrução do puzzle. Mas para aqueles que não têm tempo e paciência aqui fica este meu pequeno esforço.

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