Este não é um filme
fácil para os fãs do personagem. Pelo menos para mim não o foi. Em jeito de
confissão, o Homem-Aranha é
responsável pela minha completa devoção à BD. Nos finais da década de 70, um
desenho animado e uma revista foram suficientes para me tornar fã para um vida.
Desde então, tenho acompanhado de forma relativamente fiel as aventuras e
desventuras de um dos mais perenes e vigorosos personagens a sair da imaginação
desses senhores que considero gigantes na cultura popular do século XX: Stan
Lee e Steve Ditko. Qualquer adaptação é algo
que antecipo com expectativa e coração pesado.
A nova trilogia
que está a ser desenhada por Webb tem vantagens e desvantagens em relação à
primeira, a de Sam Raimi. Na minha humilde opinião, Andrew Garfield é um melhor
Homem-Aranha que Tobey Maguire. Emma Stone como Gwen Stacy é um melhor
interesse amoroso para Peter Parker. É na química e total cumplicidade que
existe entre os atores que reside uma parte substancial da qualidade destes
filmes. Reforço, uma extraordinária parte deste segundo tomo da trilogia reside
na qualidade da relação entre estes dois personagens, muito mais que no insonso
relacionamento que se estabelecia entre Maguire e Dunst. A qualidade dos
diálogos entre Peter e Gwen com certeza que muito contribuem para o amor quente
partilhado pelos dois personagens, mas há muito mais que isso aqui. Eles são,
sem duvida, o coração deste segundo filme.
E quanto aos vilões, os obrigatórios vilões? Isso já me deixou um pouco a desejar. Não são totalmente maus mas também não estão satisfatoriamente encorpados pela história
que, na minha opinião, sofre do sintoma de “coisas a mais”. É difícil entender
porque os poderes-que-decidem
insistem em atafulhar alguns dos filmes de super-heróis com quantidades
inacreditáveis de personagens (este filme tem três vilões, ainda que um deles
seja apenas uma nota de pé de página). Como se tivessem pressa de chegar a
algum lugar. Como se a quantidade resultasse em melhores bilheteiras (se
calhar, sim. Quem sou eu para saber verdadeiramente disso). Dito isto, Electro, o vilão que dá título à
sequela, é pouco mais que um conjunto de frases sintéticas, enquadrado num
número confortável de clichés, tiques de personalidade para justificar a
cruzada anti-Homem-Aranha. Esteticamente está maravilhosamente bem conseguido,
atingindo níveis de perigosidade que raramente conseguiu na BD. Mas forma sem
substância resulta mais num boneco do que propriamente numa personalidade. O
outro vilão, esse é melhor conseguido. Não o vou aqui revelar
porque para os mais desavisados será uma surpresa. Contudo, peço a todos os fãs
e não só que prestem atenção à origem dos seus poderes para tentar perceber se
faz algum sentido (mesmo dentro da enorme suspensão de descrença que são os
super-heróis).
Finalmente, existe
o fim do filme que, para mim, ajudou a redimir a narrativa. O que poderia
redundar num esforço a mais na categoria “filme
de super-heróis”, consegue entusiasmar ao ganhar coração e alma. Para quem
não sabe, esses acontecimentos ajudam a explicar uma das razões porque tantos
de nós adoramos este personagem. Em suma, um filme de que, ao mesmo tempo,
gostei e não gostei, o que, bem visto tudo o que revelei no início deste post, já não é nada mau.
(PS – Para quem
quer saber a verdadeira razão da cena incluída nos pós-créditos, leia este artigo)
2 comentários:
A ver se vou ver esta semana que vem!
;)
Vai, Nuno, e depois diz se gostaste. Um abraço.
Enviar um comentário