Act of Killing de Joshua Oppenheimer, et al, e Jeune & Jolie de François Ozon

(Reposição de posts sobre estes dois filmes que estreiam hoje)

The Act of Killing de Joshua Oppenheimer, Anonymous, Christine Cynn


Este documentário vem com a recomendação de ser o melhor filme de 2013 de acordo com a excelente revista Sight & Sound. Este é a publicação, de origem britânica, que em 2012 voltou a eleger os melhores filmes de sempre (uma prática decenal). Nesse ano, Vertigo finalmente destronou o eterno Citizen Kane. Estas recomendações não fazem sentido para avaliar a qualidade do filme, ou melhor, aquilo que achei do mesmo, mas dito este preâmbulo resta-me afirmar que adorei o documentário. O tema é geograficamente limitado mas universalmente abrangente. O realizador pretendia abordar os massacres a simpatizantes comunistas que tiveram lugar em solo indonésio na década de 60. Acontece que os que os perpetraram continuam no poder e são vistos como heróis nacionais. Numa inversão genial, são os próprios carniceiros a oferecer-se para relatar os factos ocorridos. O que segue é uma observação clinica e factual destes homens enquanto reproduzem as ocorrências do passado (usando eles próprios e outros como atores). Pouco mais há a dizer e o realizador bem o sabe. Escancara as portas do documentário e deixa a realidade jorrar para dentro da película com toda a sua tenebrosa factualidade. Um filme poderoso. Muito.

Jeune & Jolie de François Ozon



O ecletismo de Ozon continua. Tão depressa faz uma comédia esteticamente apurada como 8 Femmes, como entra no dramatismo de Le temps qui reste ou no thriller de Dans La MaisonJeune & Jolie é também um bicho belo, não só no sentido cinematográfico e fotográfico da palavra, como também no tema abordado: a prostituição voluntária de uma mulher adolescente. O voyeurismo é óbvio, pela belíssima protagonista, pela temática, pelo facto de estarmos a ver um jovem corpo nu em situações sexualmente sedutoras. Contudo, pelo facto de não percebermos claramente as motivações da protagonista (faz parte de uma classe média alta francesa educada e endinheirada) o enredo entra pelo campo do mistério insolúvel, pelo mistério belo que nos provoca e fixa o olhar. Um filme enigmático e sedutor, ainda que um pouco distante dos melhores do autor.

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