Ninguém pode culpar a Marvel e a DC por não
tentar trazer mais leitores para os seus complicados universos de super-heróis.
Pode passar por começar tudo do 0, fazer inúmeras tentativas de reinterpretações
das diferentes mitologias, criação de universos paralelos, etc. Ou então
pode-se tentar fazer algo como este Avengers
Endless Wartime que funciona, ao mesmo tempo, como uma espécie de sequela
do conhecido filme e como uma “simplificação” dos Vingadores. E resulta!
Avengers
Endless Wartime é a primeira de uma nova linha de “Original Graphic Novels” que a Marvel irá publicar e que irão minar o enorme
catálogo de personagens à sua disposição, com certeza os mais reconhecíveis
pelo grande público, geralmente aqueles que têm sido passados para o grande
ecrã, convida grandes nomes criativos e fornece um livro que poderá ser melhor
apreciado pela enorme maioria das pessoas (note-se que não é a primeira vez que
isto acontece). O tempo dirá se resulta comercialmente!
Warren
Ellis, o escritor, e Mike McKone, o desenhista, não são meninos imberbes nestas coisas
da BD, principalmente se falarmos do primeiro, um dos maiores nomes da 9.ª
Arte, tendo já sido responsável por não só grandes obras mas também por algumas
pequenas “revoluções”. Os fãs da BD sabem do que falo mas os outros poderão
querer dar uma olhada a algumas coisas com o nome deste senhor como escritor.
Recomendamos Authority, Planetary e Nextwave. Ora, Ellis tem
sido um homem não só com uma voz singular no panorama mas também como alguém
que, reiteradamente, tenta não se repetir. Ele aprimorou a BD “grande ecrã” com
o já referido Authority, ele tentou a
história contada em um único capítulo nos Secret
Avengers, ele conseguiu a saga meta-textual por excelência com Planetary (note-se que estas adjetivações
são meras reduções do que estas fantásticas obras têm para oferecer). Portanto,
é apropriado dar a Warren Ellis a
oportunidade de dar o pontapé de saída a esta nova série de graphic novels (um termo que não aprecio
por aí além, mas um dia discutimos isso). E as coisas resultam
maravilhosamente!
Os personagens dos Vingadores são, na sua grande maioria, os imediatamente
reconhecíveis para quem viu os filmes, exceção feita à Capitã Marvel, mas desconfio que isso não será por muito tempo,
tendo em consideração os vários indícios de que um filme com ela está a
caminho. Temos o Capitão América, o Homem de Ferro, o Thor, a Viúva Negra, o Gavião Arqueiro, o Hulk e até o Wolverine (que,
para quem não sabe, já faz parte dos Vingadores
há alguns anos). O tom, também ele, é bastante similar ao filme, dando bastante
importância às personalidades dos intervenientes, adicionando um toque de humor
e de rivalidade que pareceu funcionar bastante bem em película. Aliás, é esta a
grande surpresa deste Endless Wartime.
Quem vai dedilhar as suas varias páginas à procura de uma orgia de batalhas,
tire o cavalinho da chuva, porque esta é também uma cuidada reflexão sobre a
psique e falhas de alguns dos mais emblemáticos membros desta impressionante
coleção de super-heróis, nomeadamente os seus mais antigos. Entre as várias
leituras que daqui se podem retirar, uma saltou-me à vista, a necessidade que Ellis teve de distinguir e dissecar
alguns grupos de pessoas dentro do grande grupo que são os Vingadores: os “velhos” e os “novos”; os “antigos” e os “modernos”;
os “honrados” e os “práticos”; mesmo os “masculinos” e os “femininos”. Tudo dignamente
entretecido numa narrativa tipicamente super-heroística que, sim, tem batalhas,
claro.
Mike
McKone, por seu lado, é uma grande escolha para
desenhista, sendo capaz de partir os enredos de uma forma escorreita ao longo
das várias páginas, ao mesmo tempo que consegue veicular as emoções necessárias
nas feições dos vários personagens, tarefa que é, muitas vezes, negligenciada na
BD mas que, quando um artista o consegue, percebe-se a sua necessidade e
verdadeira importância.
Uma leitura recomendável os leitores habiuté e
não só!
2 comentários:
Esta na pilha a espera.
Acho que vale mesmo a pena. Eu gostei bastante!
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