Uma BD aqui, outra BD ali, 22 - Batman

Há quem diga que os floppies estão a morrer - panfletos, como lhes chama um amigo; comics, como todos os conhecem. Espero que não porque adoro devorá-los! É um prazer que rezo para nunca acabar. De vez em quando, escrevo umas breves palavras sobre alguns que gostei. Só isso: gostado. Não são nem melhor nem pior que outras coisas.

Batman (2016) números 48 a 50 de Tom King, Mikel Janin e outros (DC Comics)



Uma das críticas que mais se faz à literatura de super-heróis é a permanência do status quo. Quanto mais as coisas mudam, mais permanecem iguais - sim, eu citei O Leopardo. Essa critica talvez seja verdade no longo prazo, mas no curto e médio existem várias mudanças que acontecem e que permanecem. Por exemplo, o Super-Homem casou-se há mais de duas décadas com Lois Lane e o matrimónio mantem-se. Têm um filho em comum desde há dois anos e, até agora, essa realidade permanece. Isto apenas para falar de um dos maiores ícones da BD dos EUA. O outro é aquele que vos traz este post: o Batman, que, desde há um ano, pediu em casamento uma das suas maiores adversárias/amigas, a Mulher-Gato.

A cerimónia estava anunciada ocorrer neste número 50 da revista escrita pelo brilhante Tom King. Quando chegamos ao fim desde histórico número, percebemos que o plano do ex-agente da CIA e agora escritor de BD é muito mais complexo do que o do mero juntar dos trapinhos entre antigos amantes. Esta será uma longa sequência de análise e reflexão profunda das motivações que fazem do Batman o defensor e herói que sempre foi. King atinge, provavelmente, o meio caminho dessa dissertação com este número 50, e somos puxados para caminhos que desconhecíamos. O futuro é agora profundamente incerto.

Os números 48 e 49 têm como convidado especial o maior inimigo do Homem-Morcego, o Joker, e somos presenteados pelo confronto, primeiro entre ambos, e depois entre o palhaço do crime e a noiva. Sabendo do iminente matrimónio, o vilão não podia deixar passar a oportunidade de se intrometer e tecer a sua lógica caótica sobre o que representa o acto para o futuro do Cavaleiro das Trevas.  Essa conversa terá consequências profundas no que se desenrola no capítulo 50, o tão esperado marco na vida do Batman.

Para os iniciados, informe-se que esta não é a primeira vez que Bruce Wayne e Selina Kyle se casam. A primeira aconteceu na década de 70, em publicação, e algures entre a de 40 e 50 em história. Como muitos sabem, o Cavaleiro deu os seus primeiros passos em 1939 e foi esta a versão que se uniu em matrimónio com a Mulher-Gato. Desse casamento nasceria uma filha, Helena Wayne, que também escolheria a vida de combate ao crime com o nome de Caçadora. Estas versões foram entretanto esquecidas pela "realidade" do universo DC. Contudo, resquícios dessa união reflectem-se nestas novas versões e esperamos ansiosamente pelo desenrolar do enredo.

É difícil avaliar os méritos deste três números para além do conteúdo e do enredo que demonstram. Na última página do número 50, Tom King descortina parte do seu plano maior para o Batman e, como referimos acima, ainda estamos a meio caminho de vislumbrar toda a narrativa. Não deixam de ser três capítulos fortes pela escrita inteligente e pela reflexão acerca das personalidades dos protagonistas e das suas relações. Veremos o que futuro reserva.

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