Depois do primeiro volume ser uma das mais interessantes leituras de 2015, eis que finalmente nos chega o segundo Autumnlands de Kurt Busiek e Benjamin Dewey. Continuamos neste estranho mundo ao melhor estilo Tolkienesco mas com personagens antropomorfizados.
Este volume continua a centrar-se num dos seus habitantes, meio homem, meio canídeo, enquanto acompanha, em estilo viagem de demanda, o profetizado salvador humano. Busiek e Dewey conseguem manter-nos interessados, com um promissor world-building, personagens cativantes e mais do que uma surpresa, agora que começamos a embrenhar-nos nos segredos por detrás deste mundo de Fantasia. O que os autores têm reservado para os leitores não é uma narrativa fracturante e inédita, mas antes um valor seguro de diversão que é um verdadeiro page-turner. Se o primeiro volume foi uma surpresa, este segundo é a confirmação.
A parelha artística que nos deu o fabuloso Scalped da Vertigo regressa com The Goddamned, Before the Flood. Contudo, Jason Aaron e r.m.Guéra escolhem um tema bem diferente da história, ao estilo Sopranos, de nativos norte-americanos, o tema da sua anterior colaboração. Aqui entramos pelo terreno bíblico e acompanhamos a narrativa do primeiro filho caído, o criador do assassinato, Caim. Num mundo selvagem e violento que faz a Ciméria de Conan, o Bárbaro parecer uma Ilha dos Amores, o protagonista irá ter de se defrontar com outro personagem bíblico de renome, Noé, e descobrir a melhor forma de atingir o seu maior desejo: morrer. Amaldiçoado com a imortalidade, este Caim lembra a interpretação que Saramago também faz do mesmo, com mais sangue e vísceras mas com o mesmo desdém e ódio pelo Deus que o condenou a esta morte em vida.
Se o primeiro volume desta colaboração entre Brian K. Vaughan e Cliff Chang, Paper Girls, não foi bem aquilo que estava à espera, este segundo mais do que recupera essa meia-decepção inicial. Como alguém já referiu, isto é a série de TV Stranger Things mas sem o delicodoce da nostalgia.
É sobre as recordações mal lembradas da década de 80 mas com um toque de cinismo pós-modernista. É sobre viagens no tempo, correcções temporais, raparigas cheias de "tomates" e entretenimento inconfessável. São versões de personagens que vêem do presente, do passado e de futuros que se espera alterar. É cheio de surpresas e de violência inesperada e trágica, tão típicas de Vaughan.
A editora Image continua a dar-nos algumas das mais interessantes BD's do panorama mundial desta arte e estas três são excelentes exemplos disso mesmo. Longa vida a Image.
2 comentários:
Sendo que o Paper Girls já está a ser editado em Portugal pela Devir, e o The Goddamned sai no fim do ano pela G.Floy.
Então para quando o Autumnlands que é tão bom?
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