Banda Desenhada. Porque vale a pena ler e ler e ler...


Scalped de Jason Aaron e R.M. Guéra

Desta vez vamos tentar algo diferente. Esta BD americana, publicada pela gigante DC Comics sob uma “imprint” orientada para adultos, a “Vertigo”, ainda está longe de acabar. Acabei de comprar o 2º volume da série, que colecciona os capítulos 6 a 11. E como estamos a falar de BD americana ainda falta muito para chegar ao final. Mas não pensem, principalmente os que conseguiram passar das primeiras frases deste artigo, que isto tem alguma coisa a ver com o produto mais conhecido desta indústria, os super-heróis. Nada. Como diz Garth Ennis na sua introdução à segunda colecção, Scalped não se socorre “dos habituais apetrechos para garantir a sobrevivência da sua arte. Não existem super-tipos, nenhum terror, nenhuma fantasia ou ficção-científica. Nem um elfo ou anjo à vista”. E ele sabe do que fala, já que o seu maior sucesso até à data, Preacher (do qual já aqui falamos), está pejado destes apetrechos.

Scalped foca-se na vida (será que podemos chamar antes de sobrevivência?) de um conjunto de Índios, os politico-correctamente apelidados de nativo-americanos, isto em pleno século XXI. Num mundo sem cowboys, a reserva “Prairie Rose” é um antro de sujidade, de criminalidade, de sobrevivência (notam o padrão?), onde co-habitam os costumes de um mundo velho com as ansiedades, ânsias e desejos de um mundo novo. A honra parece não existir, substituída por ideais destruídos e ganância à flor da pele. Será que o novo deu lugar ao velho? Ou será que o mundo será sempre assim?

Uma vez mais tenho dificuldades em vos contar muito mais da história, já que um dos prazeres é a paulatina descoberta do enredo, o desfolhar das camadas que vão revelando traições, amores, ligações e mistérios que nos arrastam ao longo das vidas de personagens como Lincoln Red Crow, Gina Bad Horse, Dash Bad Horse, entre tantos outros.

Houve quem dissesse que Scalped era “Os Sopranos” passado numa reserva índia ao invés de Nova Jérsia. Será? Parece-me cedo demais para o dizer, mas parece-me ao mesmo tempo, não sei?... apropriado?

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta é uma história feia.

Não temos bons, BONS e temos muitos maus, MAUS. Em qualquer história de confrontos tendemos a escolher um lado. Em Scalped temos dificuldade (impossibilidade?) em escolher um lado.

Mas, esta é também uma história boa. Aborda um mundo moderno desconhecido, decadente, vivendo das memórias de um passado honroso e sobrevivendo à devassidão "trazida" pelo homem branco.

Anyway, uma leitura altamente recomendada.