As nossas 10 Séries de TV de 2016

Primeiro, foi o melhor de 2016 para BD de super-heróis. Depois Música e Cinema. A loucura não pára quando achamos que achamos que vimos umas coisas giras e queremos falar sobre elas.  Hoje são as séries de TV, essa forma narrativa que cresceu (e muito) no século XXI, produto excelência de uma sociedade do torrent, do streaming, do binge-watching. Em suma, da sociedade da internet. Seguem as nossas 10 escolhas.




Já alonguei-me aqui sobre aquela que foi a melhor temporada de uma série já de si extraordinária e a melhor que vi em 2016. Tudo disponível na Netflix.

Game of Thrones



Muito pouco posso acrescentar à série fenómeno do momento. Li primeiro os livros e esperei ansiosamente pela passagem ao pequeno ecrã. Até o momento, não só é uma excelente adaptação como uma obra com mérito por si mesma e, já agora, uma das melhores feitas para TV. Esta temporada foi a primeira que adiantou-se aos livros (sim, sou desses que está bastante chateado com o George R. R. Martin). Apesar disso pude apreciá-la sem despeito ou rancor e acabou por ser uma das suas melhores temporadas. É esperar que o final esteja em acordo com o nível elevado a que a HBO, produtora, habituou-nos. 

Penny Dreadful



Depois de apenas três temporadas chegou ao fim uma das melhores obras de terror victoriano que já passou por qualquer ecrã. A princípio poderíamos desmerecê-la como um parente pobre da Liga dos Cavalheiros Extraordinários de Alan Moore e Kevin O'Neil mas depressa somos desenganados desse preconceito. Sim, reunia ou aludia a vários personagens bastante conhecidos da literatura inglesa do século XIX e XX (Frankenstein, Drácula, Dorian Gray, apenas para citar os mais conhecidos) mas graças a um enredo empolgante e a personagens criados com a fineza de uma navalha e interpretados de forma certeira, conseguiram construir uma das séries de TV mais interessantes dos últimos anos. Eva Green tem o papel da sua vida que lhe deveria ter granjeado um prémio.




Uma série baseada em BD? Estou conquistado. Esperava que fosse tão boa quanto foi apesar das diferenças em relação ao material original? Não. E já falei dela aqui. Esta é da AMC.

Sense8



No final deste ano de 2016, seguindo o conselho de uma amiga, decidi, finalmente, dar uma oportunidade às irmãs Wachowski e J. Michael Straczynski. Os relatos acerca da série eram contraditórios e estava reticente em passar quase 12 horas no mundo de Sense8. Bem dita a hora em que o decidi, porque esse meio dia passou-se na companhia de uma das melhores histórias de personagens do ano. Apesar do conceito fantástico da série ser relativamente banal (existencialismo misturado com X-Men) as personalidades de todos os protagonistas estão de tal forma arquitectadas e concebidas que eles parecem respirar à nossa frente. Este não é um filme de enredo. É um filme de personagens, todas inesquecíveis. Não é uma série para mentalidades fechadas porque várias opções sexuais e raças são aqui representadas. É um filme plural onde o que menos interessa é o enredo - que, aliás, na parte que alude à teoria da conspiração de uma empresa multinacional sombria, é o que menos interessa. Tudo na Netflix.

South Park



Vinte temporadas e continua, teimosamente, a ser uma das melhores séries de TV em exibição. Os autores desde a 19.ª que mudaram agulhas e agora dedicam-se a arcos de história de 10 episódios cada. Este ano foi sobre Trump, online trolling, a insistência na nostalgia, as mulheres, tudo interligado de forma orquestral. Não há muito a dizer acerca da qualidade da escrita, da concepção e da inteligência de Trey Parker e Matt Stone. Na Comedy Central.

Stranger Things



A série que os filhos da década de 80 adoraram adorar. Misturou Speilberg, John Carpenter, George Lucas, BD dos X-Men, Brian de Palma, entre tanta outras delícias dessa década da qual também faço parte.  Tanto sentimo-nos dentro do ET como de Halloween ou de The Thing. Foi um dos grande sucessos da Netflix e justificadamente. Sim, apelava ao saudosismo mas sem reverência bacoca. Foi, acima de tudo, um dos momentos mais divertidos do ano.

The Get Down



Vocês devem achar que tenho contrato com a Netflix. Quem me dera. Assim poderia ver, de graça, as muitas séries de qualidade que este serviço de streaming tem oferecido. Esta tem concepção de um conhecido realizador de cinema, Baz Luhrmann (o mesmo de Romeu + Julieta e Moulin Rouge), que inclusive realizou (apenas) o primeiro episódio. É a história do nascimento da cena underground rap (e mesmo do graffiti) nos finais da década de 70 no Bronx em NY. É a história de uma comunidade menosprezada, que cria a cultura popular dos 30 anos que se seguiram. É sobre como a cultura de todos (elites e não só) nasce nas ruas devastadas, emerge de um contra-movimento que não se reconhece como tal e transforma o mainstream. É sobre gosto e verdade. 




"Uma série portuguesa entre as melhores do ano? Está mas é calado. Não digas disparates!". Quero que oiçam o que escrevo: foi fabulosa e já falei disso aqui. Tudo disponível na RTP Play.

Veep



Esta poderia fazer parelha com Os Boys.  É, actualmente, o melhor retrato da política e dos políticos. Estranhamente viciante porque deprimente e hilariante em doses iguais. Porque trata-se de uma sátira tem conseguido criar um monstro que pinta de forma tenebrosa a face horrorosa da humanidade. É para ver com enorme sentido de humor, caso contrário não se sobrevive. Tudo na HBO.

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