Amor é amor! - Batman vs Superman: Dawn of Justice de Zack Snyder




(sem spoilers)

Amor. Não se explica, aceita-se. Talvez não pelos outros mas sim por quem está apaixonado. É diferente da paixão. Esta é fugaz, transitória. Amor é duradouro. O meu dura há quase 40 anos. O pelos super-heróis em particular e o pela BD em geral. 

A combinação de um amor de infância, de uma predilecção pelos personagens da DC Comics, de um favoritismo pela Mulher-Maravilha formaram em mim uma tempestade ideal, uma expectativa ao rubro. Era impossível não estar assim. Não há pendantismo, maturidade ou refreio que sobrevivam.

Acabei de ver o aguardado Batman vs Superman: Dawn of Justice, sequela de um favorito pessoal, Man of Steel de 2013 (não me sacrifiquem mas de facto adoro este filme). A DC Comics/Warner Bros querem inaugurar o seu universo cinematográfico, equivalente ao da Marvel, com este BvS. É também a primeira vez que os três maiores arquétipos da mitologia dos super-heróis, o Super-Homem, o Batman e a Mulher-Maravilha, encontram-se no grande ecrã.  A expectativa de quem fez e de quem vê era enorme. Para mim era gigantesca. E então? O veredicto? Vale a pena?

Em uma palavra: adorei.

E agora o resto. Este não é um filme perfeito, longe disso. O segundo acto parece demasiadamente ocupado, com pormenores que aparentam encavalitar-se uns sobre os outros. Existem várias histórias a serem contadas mas que, num terceiro acto, acabam por congregar-se num todo coerente. Existe um momento em particular em que, de repente, passa a fazer sentido. O caminho até ele foi tudo menos fácil e muitas foram as vezes em que receei por este filme que tanto esperava.

Os personagens. É sempre sobre eles que se aguenta o edifício da história. É particularmente surpreendente o Lex Luthor de Jessie Eisenberg, uma das vitórias do filme. Os trailers não deixavam adivinhar a complexidade psicopata e quebrada da personalidade do maior inimigo do Super-Homem.

Os personagens titulares são menos desenvolvidos mas a realidade é que não só já tivemos vários filmes do Batman como o Filho de Krypton foi interessantemente desenvolvido no Man of Steel. Neste BvS temos o prazer de assistir ao confronto ideológico entre os dois baseado numa das reacções mais humanas que pode haver: a do medo.  É sobre o medo do desconhecido, o que faz homens bons fazerem actos hediondos, que erguem-se as diferenças entre estes dois maiores arquétipos da mitologia americana. É esse sentimento que impele o Batman a fazer algo que não é esperado (e para muitos, especialmente os que não conhecem tanto a BD, faz confusão eles sequer terem diferenças). No final, há algo que os une e esse é um dos grandes momentos da história do filme (já agora: Affleck vai maravilhoso).

As mulheres de BvS são um outro triunfo. Lois Lane tem muito mais a dizer do que apenas o papel de dama em apuros. Sobre ela e sobre o amor que tem pelo Super-Homem assenta boa parte do que representa o Homem de Aço para este mundo ficcional e para mim, como amante do personagem.

A Mulher-Maravilha. A ansiedade de 30 anos com que esperava por este filme muito se deve a ela - estamos a falar de um dos meus personagens favoritos de BD. Todos os momentos em que aparece são vitórias da qualidade do personagem e das escolhas que fizeram.  Não é tanto a imagem inocente que aprendi a gostar com George Pérez mas uma milenar guerreira marcada por um século de confrontos num mundo humano que desconhece. O seu sorriso no meio da batalha climática é também um dos pontos altos deste filme, algo que lançou arrepios pelo corpo deste fã confesso - esse e a reunião, num único enquadramento, da Santíssima Trindade da BD (na palavra de um amigo meu: Mítico).

Este não é um filme fácil. É negro. É violento. É tudo o que a Disney/Marvel não nos têm habituado. O irónico é que esse lado mais obscuro dos super-heróis seja contado pela editora que os criou originalmente. A Warner e a DC arriscam muito porque estão a ir contra-corrente (se bem que Deadpool também o fez) e isso poderá não ser para todos os gostos. Temo que os resultados não sejam os melhores (mais ainda tendo em conta as críticas negativas que têm surgido). Por outro lado,  como fã da DC Comics, toda a mitologia deste universo é-me familiar e, claro, não o é para a larga maioria das pessoas. Existem inúmeros pormenores que irão passar ao lado de muitas pessoas mas isso não faz deste um melhor ou pior filme (ainda que tenha adorado, entre outras, a sequência do futuro).

Em suma, não teço confabulações sobre a subjectiva qualidade ou sobre a relevância e a posição deste filme na História do Cinema. Gostar ou não gostar deste filme tem a ver com puro prazer, que pode ser de entretenimento, intelectual ou ambos. Não é obrigatório gostar, como não o é para nada em Arte. Falo por mim e apenas por mim quando digo que amei este Batman v Superman  e não serei menor ao afirmar que por vezes chorei.

2 comentários:

Paulo disse...

Já somos dois (ou três: O meu filho tem 10 anos e também adorou). :-)

SAM disse...

Obrigado pelo comentário, Paulo.

Fico especialmente contente eu o teu filho tenho gostado.

Agora toca a publicitar para haver mais e mais pessoas e vê-lo! ;-)