As Séries de TV serão, talvez um dia, uma nova arte. Ou, quem sabe, unir-se-ão ao Cinema na 7.ª e desta união nascerá uma que poderá chamar-se "Imagens em Movimento" ou "Video". As Séries estão longe de ser um fenómeno recente e mesmo esta Idade de Ouro que acompanha-nos já desde o início do século não começou nele - Twin Peaks, Hill Street Blues, etc., poderão ser suas precursoras. A febre atingiu tal ponto de diversidade e quantidade que elas transformaram a forma como muitos de nós vemos TV. Acompanho-as há bem mais de uma década e já dediquei muitas e muitas horas a vê-las. Já vi coisas brilhantes, tão boas ou melhores que muitos livros e filmes, como já vi outras que nem por isso. Contudo, e como já tive oportunidade de dizer em outros posts, acredito que neste momento existe, no caso dos EUA, uma liberdade criativa na TV que dificilmente se encontra na máquina Hollywoodesca e mesmo independente.
Porque passo muitas horas e deliciar-me com o que TV dos EUA tem para nos oferecer, quis publicar as minhas séries favoritas do ano. À semelhança do que fiz em outros posts a lista em baixo é apenas de gosto, só gosto e nada mais do que o meu gosto. As temporadas são, na sua maior parte, de 2015, mas existe uma ou outra que não. Para algumas, como já escrevi qualquer coisa no Blog, basta clicarem no link. Para outras, se tiverem paciência, leiam o que escrevo agora.
2.ª Temporada de Fargo: A 1.ª temporada já tinha tido a capacidade de suplantar um preconceito meu: adaptou um filme sem o desmerecer, antes acrescentando. Esta segunda recua até 1979, com personagens (na maior parte) diferentes, mas com o mesmo sentido de humor, a mesma estranheza, a mesma paisagem gelada. Escrita de forma soberba, junta-se uma fotografia que parece beber a Corcia e Crewdson, e temos uma das melhores séries de TV de 2015 (se não mesmo a melhor).
1.ª e 2.ª Temporada de Flash: Esta é de puro entretenimento e a mais ao estilo super-heróis actualmente em exibição. Não preza pela maturidade de história mas pelo puro abraço aos conceitos mirabolantes da mitologia que tanto adoro: terras paralelas; gorilas falantes; homens que correm mais rápido que a vista. Todas as semanas os fãs são presenteados com mais uma adaptação do multiverso da DC Comics. E isso, para mim, basta.
7.ª e última Temporada de Mad Men: E em 2015 houve o fim de umas das mais emblemáticas séries de todos os tempos, do mesmo campeonato de The Sopranos, The Wire e Breaking Bad. Acabou como sempre foi: com duplo sentido; com estranha ironia e com grandes e operáticos personagens. Adeus, Don Draper. Foste grande.
1.ª Temporada de Man in the High Castle: Os fãs da DC Comics e do seu multiverso conhecem bem o conceito: uma terra paralela onde os nazis venceram a Segunda Grande Guerra e ocuparam os EUA. A história original, contudo, é de Philip K. Dick, o novelista de ficção cientifica que criou também os contos que deram origem a, por exemplo, Blade Runner e Minority Report. A série adapta e expande esse conceito e, apesar da sensação, aqui e ali, de enche-chouriço, não deixou de ser dos momentos mais interessantes e estimulantes na TV de 2015.
2.ª Temporada de Penny Dreadful: Outro momento de puro prazer. Os leitores de BD conhecem bem o conceito base por detrás desta série (leiam League of Extrordinary Gentlemen de Alan Moore e Kevin O'Neill). Também temos personagens famosos da literatura vitoriana que reúnem-se numa mesma equipa para enfrentar males também eles originários dessa mesma literatura. Contudo, o conceito nunca parece cópia. Personagens bem estruturados e actores de primeira linha a isso ajudam. Um enredo cativante e de puro entretenimento para isso contribui.
1.ª e 2.ª Temporada de Rick and Morty: Por falar em conceitos mirabolantes de BD e em universos paralelos, Rick & Morty foi das mais agradáveis surpresas de 2015. Esta foi a série de BD que nunca foi uma BD, Back to the Future on drugs and LSD. Divertida, ofensiva, politicamente incorrecta, violenta e, acima de tudo, originalíssima. Um dos maiores prazeres deste ano que passou. Pena que tenha tido tão poucos episódios.
19.ª Temporada de South Park: O parente pobre dos Simpsons nunca o foi e está melhor que nunca, mesmo que passados 19 anos. Aliás, há muito que a série não atingia níveis tão altos de criatividade, de cinismo, de critica contundente, de ironia cáustica, de sátira. Esta temporada foi para os que acham que 19 anos são demais e que os criadores da série dever-se-iam reformar. Melhor que 95% das séries de TV em exibição. Sim, esta temporada foi assim tão boa.
2.ª Temporada de The Knick: Acabou Mad Men mas continuou The Knick. Confesso que os primeiros quatro episódios foram de difícil digestão mas os seis que se lhes seguiram mais do que compensaram o "enfado". Foram apenas o preludio para uma das mais cativantes séries do momento que, para quem não sabe, é a prova de que a criatividade cinematográfica está na TV: o ex-realizador da 7.ª Arte, Steven Soderbergh, à semelhança do que já tinha feito para a primeira temporada, realizou todos os episódios. Temporada quase imaculada e com dois episódios finais brilhantes a todos os níveis.
1 comentário:
Acho que farias um serviço público se dissesses onde viste cada uma das séries, isto é, em que canal. Obrigado.
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