Movie Theatre-Trylon Theatre, NYC, 1976, de Hiroshi Sugimoto da série Salas de Cinema |
Apenas porque adoro estas listas decidi fazer uma dos filmes que são, vá lá, "top of the mind". Não há pretensões intelectuais (tenho quase a certeza). São filmes que gosto mesmo. Que vejo e revejo com prazer. A lista não é, nem de longe ou de perto, definitiva. É apenas a lista de hoje, deste segundo. À medida que escrevo vou lembrando-me de mais este e mais aquele. Não vale a pena dizerem-me, inflamados, "Como é possível não escolheres o"preencher com o que acharem melhor". Que brutal falta de gosto. Vai mas é pastar bacalhaus!". "Escolheste esta m****? É pá, eu que nunca te veja aí na rua que limpo-te o sebo!". Dizer estas coisas faz mal ao fígado, meninas e meninos. Relaxem! Dito isto, esta é a minha lista (ainda agora acrescentei um que não estava, só para verem):
2001, Odisseia no Espaço de Stanley Kubrick
Apocalypse Now de Francis Ford Coppola
Aurora de Murnau
Deathproof de Tarantino
High Fidelity de Stephen Frears
In the Mood for Love de Wong Kar Wai
La Vie D'Àdéle de Abdellatif Kechiche
Man of Steel de Zack Snyder
O Segredo do Cus-Cus de Abdellatif Kechiche
Pássaros de Hitchcock
Psycho de Hitchcock
Senhor dos Anéis (toda a trilogia) de Peter Jackson
The Descent de Neil Marshall
The Shining de Stanley Kubrick
Enquanto estava a fazer a lista, houve duas coisas que achei curiosas: há mais filmes dos EUA do que suspeitaria; vi todos em sala de cinema. Será que gosto de americanadas mais do que pensava? Mas, mais importante, será que o facto de os ver em sala influencia o gosto? Espero bem que sim, porque isso quer dizer que ando a fazer alguma coisa bem. Cinema, minhas amigas e amigos, é para ser visto na tela grande. O conforto do lar que me perdoe.
E porquê estes filmes? Kubrick e Hitchcock são dois realizadores que adoro (todos nós adoramos) e estes são os meus filmes favoritos deles. 2001 é essencial, certo, é um filme brutalmente bem realizado, correcto, e é daqueles que qualquer cinéfilo e ser humano tem de ver um dia. The Shining é um enorme filme de terror, com actores e atmosfera perfeitos (curioso que não há quase nenhuma morte, lembrem-se disso), arquitectado ao milímetro com engenharia de génio. Os Pássaros e Psycho são também, por assim dizer, dois filmes de terror (há aqui um padrão?), dois filmes onde a sensibilidade comercial e intelectual do realizador vem completamente à tona. Em cada um deles há um pormenor que sempre chamou-me mais à atenção: em Psycho é o facto de durante meia hora não estarmos nunca com o protagonista do filme (já não se faz nada de tão corajoso hoje em dia); N'Os Pássaros é o maravilhoso e vago final. Por falar em filmes de terror, à última lembrei-me do The Descent, que vi com dois amigos amantes do estilo no Alvaláxia. Acho que tenho de agradecer à revista Empire tê-lo ido ver e, até hoje, pelo ambiente claustrofóbico (única razão porque nunca irei fazer espeleologia), pelo puro terror sanguinolento, é dos meus filmes de sempre.
Tarantino e Kechiche. Estes são, para moi, dois dos maiores realizadores em trabalho, aqueles dos quais só espero coisas divinas. Vi todos os seus filmes e nenhum, sublinho, nenhum, decepcionou-me. Mas primeiro escrevo sobre o segundo. Os que lêem este Blog sabem da minha história de amor com La Vie D'Àdéle, um filme que considero estar perto da perfeição: o voyeurismo e obsessão de Kechiche por Adèle Exarchopoulous é palpável e contagiante. A história é simples e deliciosa. A realização natural e bela. O mesmo pode dizer-se de O Segredo do Cus-Cus, o meu primeiro filme do realizador e um do qual saí da sala em êxtase. Nunca esquecerei o almoço de cus-cus, o desespero da mulher enganada e a dança da jovem na noite de abertura do restaurante.
Sobre o Tarantino podem fazer-me uma pergunta: porque não pões mais filmes dele? Pois, deveria mas ainda não sei se devo escolher mais um ou dois ou todos. Estive quase, quase a colocar o Inglourious Basterds mas, por enquanto, fico-me pelo meu favorito: Deathproof. Não será o que tem mais "qualidade" mas, para mim, é aquele onde noto mais a assinatura do autor que é Tarantino: os pés; a comida; os diálogos musicais, fúteis e desnecessários; as belas mulheres tarantinianas; etc. Tudo é deliciosamente dele. E, mais importante, é um filme divertido como o caraças.
O Aurora de Murnau é o filme mais antigo nesta lista e também o único mudo. Tive o prazer de o ver, pela primeira vez, numa sessão no Nimas e fiquei siderado com a simplicidade dramática do que pode fazer-se apenas com imagens em movimento. Bastam actores, sentimentos, uma história intemporal e uma realização primal. Tudo é certo, tudo é verdadeiro neste filme que é também muito importante na História da 7.ª Arte.
Outro importante marco histórico é o Apocalypse Now de Francis Ford Coppola - em cada uma das suas duas versões é o meu filme favorito sobre guerra (quase, quase que também aqui meto o Thin Red Line do Mallick e o Vem e Vê de Elem Klimov). Uma literal viagem entre um ponto a e um ponto b transforma-se numa reflectiva metáfora. Um filme gigante que é um prazer ver.
In the Mood for Love. Ah, o In the Mood for Love. Quem o viu sabe do que falo. Um filme belo, romântico até doer, trágico como todas as boas histórias de amor se calhar são. Já o vi várias vezes, já vi Kar Wai a falar do seu processo de criação (é uma lição em como se fazer cinema. Vejam-no aqui) e já construí diferentes versões da narrativa na minha cabeça. Pena Kar Wai nunca mais ter feito algo assim. Mas, se calhar, não é necessário. Este já existe no mundo e é delicioso.
Finalmente, não poderiam faltar os filmes que apelam ao meu lado mais puro, mais ligado à Banda Desenhada e a tudo o que, graças a ela, li, vi e ouvi . Comecemos por um que a maior parte das pessoas devem perguntar-se "que raios?" (mesmo os fãs de BD devem fazer essa pergunta): Man of Steel de Zack Snyder. Todos os anos, pelo menos uma vez por ano, tenho estado a rever este filme, na secreta esperança de que não envelheça e nunca me decepcione. Até agora, muito pelo contrário. Acho (quase) tudo bom. Todas as vezes noto um novo pormenor como, por exemplo, o olhar do Super-Homem quando pela primeira vez cruza-se com Lois Lane. Não é isso que pensam. É o olhar de conforto, serenidade e paz que transparece. Este é o meu Super-Homem - sim (spoiler), ele mata o vilão no final mas querem falar sobre a última história de John Byrne na sua run em BD? E mesmo que consigam convencer-me do contrário em relação a este desenvolvimento este continua a ser o meu filme favorito do personagem (pelo menos até Batman vs Superman).
Outro filme que acredito ser estranho para muitos de vós é o High Fidelity de Stephen Frears. Certo, não é uma obra-prima de Cinema. Certo, é comercial e simplista e romântico e lamechas. Mas quem gosta do universo dos fanáticos de alguma coisa (música, BD, etc.) sabem que aquele universo existe e é lindo. Fui claro porque gosto tanto e já o vi tantas vezes?
Last but definitely not the least: Senhor dos Anéis do Peter Jackson. Aqui não há um truque para não ter de escrever os três. Tal como Tolkien escreveu apenas um livro que o editor partiu em três (leiam a História, amigos, e confirmem-no), também Peter Jackson realizou um único filme dividido em três partes. Li o livro por volta da idade em que os GNR dizem que se deve ler o Senhor dos Anéis e, quando soube que iam (finalmente) fazer o filme, entrei em delírio. Estava na sala grande do São Jorge quando no final da Irmandade do Anel ouviu-se um suspiro colectivo porque muitos não sabiam que a história ia continuar em mais dois filmes. Vi mais do que uma vez cada um deles, em sala e em casa. Vi e tenho as versões alargadas (as únicas que interessam). Quase que chorei quando descobri que Jackson sabia filmar (ou pintar, se quiserem ser poéticos e verdadeiros) o universo mitológico da Terra Média. Não há muito mais que pedir (a não ser pelo Silmarillion).
Bem, é tudo. Agora vou ali rever cada um destes filmes porque a saudade aperta.
Outro importante marco histórico é o Apocalypse Now de Francis Ford Coppola - em cada uma das suas duas versões é o meu filme favorito sobre guerra (quase, quase que também aqui meto o Thin Red Line do Mallick e o Vem e Vê de Elem Klimov). Uma literal viagem entre um ponto a e um ponto b transforma-se numa reflectiva metáfora. Um filme gigante que é um prazer ver.
In the Mood for Love. Ah, o In the Mood for Love. Quem o viu sabe do que falo. Um filme belo, romântico até doer, trágico como todas as boas histórias de amor se calhar são. Já o vi várias vezes, já vi Kar Wai a falar do seu processo de criação (é uma lição em como se fazer cinema. Vejam-no aqui) e já construí diferentes versões da narrativa na minha cabeça. Pena Kar Wai nunca mais ter feito algo assim. Mas, se calhar, não é necessário. Este já existe no mundo e é delicioso.
Finalmente, não poderiam faltar os filmes que apelam ao meu lado mais puro, mais ligado à Banda Desenhada e a tudo o que, graças a ela, li, vi e ouvi . Comecemos por um que a maior parte das pessoas devem perguntar-se "que raios?" (mesmo os fãs de BD devem fazer essa pergunta): Man of Steel de Zack Snyder. Todos os anos, pelo menos uma vez por ano, tenho estado a rever este filme, na secreta esperança de que não envelheça e nunca me decepcione. Até agora, muito pelo contrário. Acho (quase) tudo bom. Todas as vezes noto um novo pormenor como, por exemplo, o olhar do Super-Homem quando pela primeira vez cruza-se com Lois Lane. Não é isso que pensam. É o olhar de conforto, serenidade e paz que transparece. Este é o meu Super-Homem - sim (spoiler), ele mata o vilão no final mas querem falar sobre a última história de John Byrne na sua run em BD? E mesmo que consigam convencer-me do contrário em relação a este desenvolvimento este continua a ser o meu filme favorito do personagem (pelo menos até Batman vs Superman).
Outro filme que acredito ser estranho para muitos de vós é o High Fidelity de Stephen Frears. Certo, não é uma obra-prima de Cinema. Certo, é comercial e simplista e romântico e lamechas. Mas quem gosta do universo dos fanáticos de alguma coisa (música, BD, etc.) sabem que aquele universo existe e é lindo. Fui claro porque gosto tanto e já o vi tantas vezes?
Last but definitely not the least: Senhor dos Anéis do Peter Jackson. Aqui não há um truque para não ter de escrever os três. Tal como Tolkien escreveu apenas um livro que o editor partiu em três (leiam a História, amigos, e confirmem-no), também Peter Jackson realizou um único filme dividido em três partes. Li o livro por volta da idade em que os GNR dizem que se deve ler o Senhor dos Anéis e, quando soube que iam (finalmente) fazer o filme, entrei em delírio. Estava na sala grande do São Jorge quando no final da Irmandade do Anel ouviu-se um suspiro colectivo porque muitos não sabiam que a história ia continuar em mais dois filmes. Vi mais do que uma vez cada um deles, em sala e em casa. Vi e tenho as versões alargadas (as únicas que interessam). Quase que chorei quando descobri que Jackson sabia filmar (ou pintar, se quiserem ser poéticos e verdadeiros) o universo mitológico da Terra Média. Não há muito mais que pedir (a não ser pelo Silmarillion).
Bem, é tudo. Agora vou ali rever cada um destes filmes porque a saudade aperta.
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