O quarto número da nova série do escritor Grant Morrison para a DC é, provavelmente, o melhor até à data. E isso é dizer muito. Não só regressa a uma colaboração já com longas décadas e excelentes obras de arte, a com o desenhista Frank Quitely, como aproveita para homenagear uma das maiores (há quem diga que a maior) BD da história desta arte: Watchmen de Alan Moore e Dave Gibbons.
É no mínimo meta-textual a escolha de Morrison para fazer esta homenagem. Recorreu aos personagens que, originalmente, Moore tinha ficado encarregue de ressuscitar quando foi contactado para escrever a sua mais famosa obra. Os heróis da defunta editora Charlton Comics tinham sido adquiridos na década de 80 pela DC e Moore escreveu a sua história tendo-os como personagens principais, ainda que bastante modificados. Por exemplo, o Capitain Atom passava a ser o Dr. Manhattan e o Blue Beetle chamava-se agora Nite Owl. Os personagens originais da Charlton acabariam por regressar em várias publicações regulares da DC, isto depois do seu universo original ter morrido junto com tantos outros na famosa Crise nas Terras Infinitas e se "fundido" com aquele onde viviam os clássicos Super-Homem, Batman e Mulher-Maravilha.
Nestas coisas da BD americana nada é definitivo. O multiverso da DC, as múltiplas terras, tinham acabado na Crise mas acabariam por regressar sensivelmente 20 anos mais tarde e, como já disse em posts anteriores, seria de Morrison a tarefa de mapear este novo universo. Obviamente que um dos universos obrigados a regressar seria o da antiga editora Charlton. Mas o que o escritor escocês fez neste seu Pax Americana é muito, muito mais que isso. Pax é o mito do eterno retorno, uma trip temporal dentro e fora da BD.
Muito à semelhança do modo como Alan Moore abordava o personagem do Dr. Manhattan, Pax Americana desenvolve-se no sentido oposto em como experimentamos a progressão das horas, dos dias e dos anos. Começa na conclusão e acaba no princípio. A coleção de acontecimentos que contribuem para o todo é nos dada em flashes, não só de imagens (nas quais o trabalho de Quitely é fenomenal) mas também na já recorrente linguagem "gaga" de Morrison. O que aparenta ser ininteligível é, na realidade, mais uma peça na misteriosa tapeçaria de Pax (e de Multiversity).
A simbiose perfeita entre seres dois autores escoceses é mítica e este último trabalho apenas consolida essa já robusta colaboração. Existe calma e pensamento. Inteligência e sobriedade. Amor e entusiasmo. Queria que todas as artes dedicassem tempo a nos dar obras desta envergadura.
Muito à semelhança do modo como Alan Moore abordava o personagem do Dr. Manhattan, Pax Americana desenvolve-se no sentido oposto em como experimentamos a progressão das horas, dos dias e dos anos. Começa na conclusão e acaba no princípio. A coleção de acontecimentos que contribuem para o todo é nos dada em flashes, não só de imagens (nas quais o trabalho de Quitely é fenomenal) mas também na já recorrente linguagem "gaga" de Morrison. O que aparenta ser ininteligível é, na realidade, mais uma peça na misteriosa tapeçaria de Pax (e de Multiversity).
A simbiose perfeita entre seres dois autores escoceses é mítica e este último trabalho apenas consolida essa já robusta colaboração. Existe calma e pensamento. Inteligência e sobriedade. Amor e entusiasmo. Queria que todas as artes dedicassem tempo a nos dar obras desta envergadura.
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