12 Years a Slave de Steve McQueen (12 anos escravo)

Como começar um post sobre o que achei deste filme, tão adorado por muitos? Talvez dizendo que não me levem a mal?

Adoro Steve McQueen, o realizador. Sou fã das qualidades como actor de Michael Fassbender, que tem um papel secundário neste 12 Anos Escravo. Um dos meus filmes favoritos é a colaboração destes dois gigantes no excepcional Shame. Portanto, gostava de poder dizer o mesmo de 12 anos Escravo. Mas não consigo! Não detestei o filme, longe disso. Não o achei mau, nada disso. Mas também não o achei... vamos lá respirar fundo e dizer frontalmente... nada de especial. Pronto... está dito! Vi o novo de Steve McQueen  e não o achei nada de especial.

As minhas expectativas eram muito elevadas - raramente uma coisa boa para se ter quando se vai ver um filme, ler um livro, ouvir um álbum. Isto não só pelo que disse no parágrafo anterior mas também porque o que se dizia, quer pelos dedos de críticos, quer pelas palavras de amigos que respeito, era do melhor que poder-se-ia tecer acerca de um filme. Os elogios eram rasgados, as recomendações elevadas e eu não consegui achar o filme nada de especial.

Porquê?

Nunca me consegui desligar de alguns tiques de Oscar que o filme parece ter. As maravilhosas interpretações... sim, leram bem, maravilhosas... de Ejiofor e Fassbender, merecedoras desse galardão, funcionam, mas tudo o resto, para mim, não. Não vi ali nenhum Steve McQueen de Shame e, obviamente, não estava à espera do mesmo filme. Os silêncios pesados do anterior esforço do realizador também existem em 12 Anos, mas sem o mesmo sentimento de ambiguidade, sem a mesmo profundidade dramática. 

A história pareceu-me banal. Claro que se trata de um acontecimento factual mas, sabemos bem, a dramatização de eventos reais poderá ser feita de formas variadas e díspares. Sabemos que Julio César morreu apunhalado nos Idos de Março por vários dos seus conterrâneos, entre eles o nobre Brutus. Também sabemos o que Shakespeare fez com esse material em bruto que a História que lhe deu para as mãos. Todos fazemos coisas diferentes com a mesma informação. Kubrick desenhou um Spartacus muito diferente do da recente série de TV. As sensibilidades são múltiplas, os pontos de vistas vários e, volto a referir, não achei o que McQueen dedicou a este 12 Anos Escravo  extraordinário.

O que me faltou? Não faço totalmente ideia, mas faltou-me algo, um intangível que me fez sair insatisfeito da sala de cinema. Eu queria ter mesmo gostado do filme mas, desculpem-me, apenas o achei interessante... nada mais que isso.

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