Querem saber qual o filme baseado em BD mais BD que passou nos cinemas neste ano da graça de 2017? Não precisam de ir mais longe do que este maravilhosamente hedonista Kingsman, the Golden Circle, sequela do também delirante Kingsman: The Secret Service de 2014. Regressam (quase) todos os intervenientes do primeiro, desde realizador a actores, com algumas adições valiosas na pele de Channing Tatum, Halle Berry, Jeff Bridges, Pedro Pascal, Julianne Moore e... Elton John (a fazer dele próprio). Se este último nome não vos convence da loucura que é este novo Kingsman, então não estão preparados para ele.
Tudo é hiperbólico sem deixar de ser ao estilo do primeiro. Cenas de acção que, de tão únicas, ficam para sempre associadas a Kingsman. Câmara "real", a acompanhar os movimentos vertiginosos dos protagonistas como se colada às suas costas. Rodopio, cambalhotas, hiperviolência, sexo, nada aqui é acção destilada e pronta a ser consumida por petizes inocentes. Isto é para adultos com sentido de humor e com cérebro desligado (não estou a ser irónico e é antes um elogio). Existe um lado de não-estamos-a-levar-isto-muito-a-sério-e-estamos-aqui-a-nos-divertir. E isso transpira em cada cena de acção escabrosa, cada enredo descabelado, cada décor tão berrante que poderia ter nascido do cruzamento entre BD de Jack Kirby e o 007. Delirantemente pop e muito, mas mesmo muito, divertido.
Não pensem daqui tirar grandes lições de vida ou reflexões profundas sobre a razão de ser da Humanidade. A entrega do realizador é toda para um entretenimento sem desculpas, delirante, divertido e, digo-o uma vez mais porque é mesmo preciso reforçá-lo, adulto. Os adolescentes vão gostar mas isto não é para vender bonecos à lá Disney. Não se lava a mensagem nem o enredo com Omo Mais Branco para incluir o maior número de pessoas sensíveis a tudo e mais alguma coisa. Há ofensa. Há politicamente incorrecto. Há diversão (para quem gosta destas coisas).
Sim, é o filme de BD mais BD do ano. E graças a Deus por isso. Parabéns a Matthew Vaughn.
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