Super-Heróis Marvel, O Vício - Janeiro de 2017



Já são muitos anos a virar frangos. Desde os cinco anos de idade a ler Banda Desenhada em geral e de super-heróis em particular. Começou pelo Homem-Aranha e progrediu para todos os outros. Transformou-se em mais do que um vício, que continua até hoje. Todos os meses desloco-me à minha loja de BD favorita e de lá venho com A Pilha. Alguns dos livros dessa pilha leio com mais prazer do que outros, é verdade, mas leio tudo.

Neste link falei da DC, hoje é a vez da Marvel.

Mais vale cedo do que tarde

Avengers # 03
Avengers # 2.1
Champions # 03
Civil War II # 08 
Dr. Strange # 15 
Scarlet Witch # 13
Spider-Man # 10-11
Spider-Man / Deadpool # 12
Spider-Woman # 14
Ultimates # 02

Este mês chegou finalmente ao fim a mini-série/evento Civil War II, com mais um capítulo do que o inicialmente previsto e com vários meses de atraso. Inicialmente, disse-o aqui, previa que a história fosse melhor que a primeira Guerra Civil. Não é uma coisa nem outra. Pura e simplesmente não acrescenta nada de novo. Ao contrário do evento do ano passado, Secret Wars (sim, as editoras de super-heróis estão completamente viciadas nestes conceitos), neste, apesar dos eventos "catastróficos" na vida de muitos personagens, o enredo acabou por ser menos sumarento do que o esperado e, como é apanágio de Brian Michael Bendis, os diálogos esparsos. Não faço parte dos detractores do trabalho deste escritor mas confesso que são raras as vezes (alguma?) em que gosto das mini-séries/eventos que escreve.  Esta não é excepção. A Marvel, por seu lado, com certeza que teve um sucesso em mãos, mas pergunto-me se este corrupio de história-acontecimento atrás de história-acontecimento, com os subsequentes relançamentos, com novos números um, de muitas revistas, não estará a funcionar contra a arte. O tempo o dirá. Para o ano já estão a planear o próximo.

Das várias revistas deste mês, felizmente, apenas uma esteve ligada à Guerra Civil II, a Spiderman, e aqui, sim, reside a força de Bendis: o desenvolvimento de personalidades, principalmente jovens, cujas vozes consegue controlar de forma entretida e segura. Sara Pichelli, co-criadora da versão Miles Morales do Homem-Aranha, está de regresso à sua criação e ainda bem. Os vários enredos da história normal regressam com o número 11, com o consequente aumento na qualidade da leitura.

Dos destaques deste mês tenho de sublinhar o trabalho de Mark Waid e Humberto Ramos em Champions, que, a continuarem assim, poderão ter um verdadeiro sucesso em mãos. Ambos os criadores já tinham colaborado na DC com Impulse, e com este título poderão estar a criar um clássico da BD de super-heróis. O enredo de Waid preocupa-se menos com o vilão do momento ou o acontecimento tipicamente super-heroístico e mais com a personalidade e juventude dos protagonistas, que são herdeiros, sem vergonha, de nomes emblemáticos da editora. Espero muito sinceramente que a Marvel controle o ímpeto de cruzar esta série com os tais mega-eventos que insiste em ter ano sim, ano sim.

Infelizmente, por razões que me escapam, Waid não parece estar a ter o mesmo prazer ou desenvoltura no trabalho que apresenta em Avengers (em ambas as iterações que lançou este mês). Não é mau mas também não tem o toque que sempre o caracterizou - desde obras tão conhecidas como Flash ou Kingdom Come. O confronto com Kang, um dos perenes e recorrentes vilões deste grupo de heróis, é até agora perfeitamente banal. 

No lado místico do mês da Marvel, o trabalho da dupla Aaron/Bachalo no Dr. Strange e de James Robinson em Scarlet Witch continuam a ser duas das mais interessantes propostas da editora. Enquanto o primeiro acaba por ser uma aposta ganha (tendo em consideração o filme que foi lançado recentemente), ainda que o trabalho dos dois criadores seja exemplar, o segundo título é um OVNI no catálogo mensal de lançamentos da Marvel - não me canso de o dizer. James Robinson está, todos os meses, a escrever algumas das mais interessantes e estranhas histórias da BD de super-heróis, com um personagem que já cá anda há cinco décadas.

Ultimates continua, de forma tão repetitiva que já enjoa, a ser o meu título favorito da Marvel. Dificilmente encontro adjectivos ou palavras de elogio que já não tenha escrito anteriormente. Al Ewing, agora com Travel Foreman nos desenhos, persiste em escrever a ópera cósmica que faltava à Marvel.  O novo número um do mês passado era completamente necessário (a não ser que o tenham feito para aumentar vendas, então era completamente necessário) e só posso esperar que reduzam cruzamentos com outros cantos para que o escritor nos dê a sua história até o final.

No lado aranhiço da minha Pilha, Spiderman/Deadpool tem um interlúdio natalício e delicioso à programação costumeira (tem os desenhos do sempre fabuloso Todd Nauck da saudosa Young Justice) mas Spiderwoman não está a sobreviver bem à saída do desenhista Javier Rodriguez. Hopeless está a tentar com uma história trágica típica de super-heróis mas a arte de Veronica Fish é pouco mais que esboços, quando comparada com a inventividade do seu predecessor. Talvez recupere nos meses que se seguem. 

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