Super-Heróis DC, o Vício - Janeiro 2017




Já são muitos anos a virar frangos. Desde os cinco anos de idade a ler Banda Desenhada em geral e de super-heróis em particular. Começou pelo Homem-Aranha e progrediu para todos os outros. Transformou-se em mais do que um vício, que continua até hoje. Todos os meses desloco-me à minha loja de BD favorita e de lá venho com A Pilha. Alguns dos livros dessa pilha leio com mais prazer do que outros, é verdade, mas leio tudo.

Hoje falo da DC e Segunda-Feira da Marvel.

A DC renasce todos os meses

Action Comics # 969-970 da DC Comics
Batman # 12-13 da DC Comics
Cave Carson has a Cybernetic Eye # 03 da DC Comics
Detective Comics # 946-947 da DC Comics
Earth 2: Society # 19-20 da DC Comics
Justice League # 10-11 da DC Comics
Justice League v Suicide Squad # 01-02 da DC Comics
Mother Panic # 02 da DC Comics
Shade, the Changing Girl # 03 da DC Comics
Superman # 12-13 da DC Comics
Trinity # 04 da DC Comics
Wonder Woman # 12-13 da DC Comics

Todos os que lêem BD dos EUA sabem que existem personagens mais famosos que outros. No caso da DC, é o Batman. Maior mesmo que o mais conhecido, o Super-Homem, a editora publica o que deve, o que não deve, o que pode, o que não pode, e em tanta escolha consegue produzir, amiúde, algumas das mais importantes obras da 9.ª Arte. Nestas coisas das revistas mensais, aquelas que têm que obedecer mais a imposições editoriais e financeiras, vão aparecendo momentos de clarividência e qualidade, o que, no caso do Batman, devido à fácil identificação de muitos autores com o personagem, acontece mais vezes do que seria de esperar. Assim tem sido com as revistas Batman de Tom King e Detective Comics  de James Tynion IV. Nunca fui o maior fã do personagem mas tenho de reconhecer a força e qualidade com que, mês sim, mês sim, os dois escritores têm trabalhado as histórias do Cavaleiro das Trevas. Este mês, em Batman, é adicionado ao cânone um pormenor da infância de Bruce Wayne que não só faz sentido como eleva a tragédia do personagem a um novo patamar. James Tynion IV continua, em Detective, a explorar de forma clara e profunda a mitologia não só do Homem Morcego como de todos os coadjuvantes inspirados pela cruzada.

Do lado do Homem de Aço, Action Comics de Dan Jurgens e Superman de Peter Tomasi continuam em diferentes patamares. O primeiro, apesar de entretido, parece ter pouca mais aspiração do que ser uma colecção de enredos com fugazes episódios de personalidade. O segundo continua a ser o trabalho mais sólido das revistas do Super-Homem mesmo quando faz pequenos desvios, como é o caso dos dois números publicados este mês.

A fechar a Santíssima Trindade da DC, temos a minha eterna Wonder Woman que, pela ausência de Liam Sharp, não chega ao patamar a que nos habituou. Contudo, graças ao trabalho de contínua solidez e paixão do escritor Greg Rucka e da desenhista Nicola Scott, Diana não perde tanto do lustro quanto seria de recear. Ambos continuam a explorar o passado da Mulher-Maravilha, um passado que, mais uma vez, parece estar a ser reescrito, mas porque nas mãos e imaginação de quem a ama consegue ser entusiasmante.

Os dois títulos que reúnem numa mesma revista estes três ícones não estão a correr tão bem quanto seria de esperar. É caso para dizer que a adição do trabalho de Francis Manapul em Trinity  e de Brian Hitch em Justice League não é maior que a soma das partes. Enquanto no primeiro nota-se (e muito) a ausência do autor como desenhista, já que os enredos e diálogos são pouco entusiasmantes, o segundo permanece, mês após mês, a maior desilusão da minha Pilha. Hitch tem, em suas mãos, os maiores personagens do catálogo da DC e o que faz com eles é redundante e de fraca qualidade. Tudo tem o sabor de história já contada e de forma muito melhor por outros. Este é (para grande pena minha) o titulo que está quase a sair.

Apesar de estar a decorrer desde há alguns meses o evento-chapéu DC Rebirth, a editora não deixa de querer "presentear" os fãs com mini-festas a meio do caminho. É o caso da mini-série semanal Justice League vs Suicide Squad. Os autores prometem revelações surpreendentes e eventos catastróficos - aliás, como seria de esperar. Tudo protagonizado por duas "marcas" que a DC espera vir a terem relevância na cultura pop: a Liga da Justiça, com filme  a estrear em Novembro de 2017; e o Esquadrão Suicida, cuja estreia na 7.ª Arte ocorreu em Agosto de 2016. Contudo, nestas coisas o que interessa é a qualidade da história e essa, infelizmente, é pouco mais que generalista e pouco inventiva. Não me interpretem mal: funciona mas não nos termos que seriam de esperar numa reunião tão magna.

No lado da nova imprint a fazer lembrar a Vertigo, Young Animal, nota-se a gigantesca ausência de Doom Patrol. Os títulos Mother Panic e Shade, the Changing Girl são, no que me toca, os menos interessantes. Não é totalmente claro o destino das histórias mas estou disposto a continuar a dar oportunidade aos primeiros arcos para melhor aferir do caminho. Sofrem um pouco do problema de indefinição da narrativa na busca que fazem pela intelectualidade do surreal. Pode ser que no final funcione mas, por enquanto, permaneço desconfiado. O mesmo já não digo do excelente Cave Carson has a Cybernetic Eye, cuja mistura de aventura, de desenho trágico-cartoonesco de Michael Oeming e de argumento ao estilo montanha-russa é entusiasmante. Esta junção de sensibilidade adulta com conceitos da Idade de Prata da DC são deliciosos.

Resta Earth 2: Society, que apesar de ter sido cancelado é, talvez, um momento importante na macro-história da DC Comics e, só por isso, regressou à minha Pilha. O trabalho de Dan Abnett é competente e o facto de andar a brincar com o regresso do universo da Sociedade da Justiça é, para os fãs da editora, motivo de celebração. Não é genial mas também não chateia. 

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