Parabéns, Diana, a nossa Mulher-Maravilha - As Melhores Histórias.



No próximo dia 21 de Outubro o meu personagem favorito de Banda Desenhada faz 75 anos: a Princesa Diana de Themyscira, a Mulher-Maravilha. Em 1941, William Moulton Marston, psicólogo e, ainda para os dias de hoje, excêntrico, vivendo numa relação bígama (ou seria poliamorosa?), cria um super-herói diferente dos outros. Uma mulher oriunda de uma ilha onde apenas vivem mulheres, embaixadora da paz e dos preceitos da antiguidade clássica grega, protectora dos direitos da mulher e da democracia. Ao longo destes 75 anos presenciou muitos altos e baixos na qualidade e diversidade das suas histórias e criou, paralelamente, um culto de fãs que a admiram acima de todos os outros personagens de BD. Para ajudar a festejar esta efeméride, irei postar alguns artigos que escrevi e outros inéditos. Este revisita aquelas que considero as melhores história de Diana com uma actualização e uma batota.








Wonder Woman Golden Age Omnibus Archive vol.1

Começo logo com a batota. Sou um enorme pecador. Nunca li as histórias originais mas pretendo, em breve, corrigir esta afronta, agora que irá sair esta bela coleção das primeiras aventuras criadas por William Moulton Marston para a Princesa da Ilha de Themyscira. A DC Comics começou, recentemente, a coleccionar por Eras as muitas aventuras dos seus vários personagens. Batman da Era de Ouro, Liga da Justiça da Era de Prata, esta Mulher-Maravilha também da Era de Ouro. São momentos essenciais na História da BD e, neste caso, da minha Diana.

Wonder Woman: George Pérez Omnibus volume 1

Para os que lêem este blog e para os que conhecem-me pessoalmente não é novidade nenhuma. Esta é das mais importantes BD´s da minha vida, lá em cima com os primeiros números que li do Homem-Aranha, todo o Sandman  de Neil Gaiman, a JLA de Morrison e Porter e o Blankets de Craig Thompson. A influência destas BD's é de importância sísmica no meu historial de leitor de BD.

Recentemente, a DC Comics coleccionou num único volume os primeiros 24 números da história que o escritor/desenhista George Pérez fez para Diana no pós-Crise nas Terras Infinitas, a história que a editora usou para recomeçar todos os seus personagens do zero. A Mulher-Maravilha foi, dos três grandes ícones da DC, aquele que sofreu as transformações mais radicais. Um personagem que, até aí, apresentava vendas e histórias anémicas estava então disponível para a profunda modificação infligida por Pérez. Qualquer descrição que eu faça só poderá retirar prazer a esta leitura que considero basilar para perceber quem é a Mulher-Maravilha. Infelizmente, não está disponível em português o que só posso classificar como crime de lesa majestade, punível com leitura compulsiva da lista telefónica.

Wonder Woman: Paradise Lost e Paradise Found de Phil Jimenez

Em termos de relevância, o artista que se segue a Pérez é o escritor/desenhista Phil Jimenez que, basicamente, emulou o trabalho (e o traço) do primeiro, de quem era particular fã. Entre estes dois existiram outros trabalhos, como o de Bill Messner-Loebs, de John Byrne e de Erik Luke (este com um ainda iniciante Yannick Paquette nos desenhos), mas que nunca conseguiram recuperar a magia de Pérez. Existiu uma fase escrita pelo primeiro e desenhada pelo brasileiro Mike Deodato que, apesar de interessante, perdeu-se um pouco na vertigem do desenho pin-up que tanto imperou na década de 90.

Em Paradise Lost compilam-se três arcos do autor dos quais destaco Gods of Gotham, onde Jimenez decide opor a mitologia de Diana com outra, uma das mais relevantes da BD norte-americana, a do Batman

No volume intitulado Paradise Found destaca-se o envolvimento da amazona em Our World at War, onde sofre uma perda irreparável.

Estas histórias não só representam um ponto alto no historial da personagem como são particularmente relevantes no seu desenvolvimento - isto até o próximo evento cataclismo que ou desfaz as mudanças ou reinicia tudo do zero.

JLA: American Dreams de Grant Morrison e Howard Porter

Outra das minhas runs favoritas de BD de super-heróis. Esta segunda colecção da saga de Morrison e Porter na Liga da Justiça obviamente que não se foca especificamente na Mulher-Maravilha mas tem vários momentos em que a maior das heroínas se destaca: um episódio sexista mas delicioso que envolve Hitman, a extraordinária criação de Garth Ennis; a irrepreensível qualidade gramatical de Diana;  a frase de Aquaman "Angels... meet Diana!". Querem saber o que significa estar perto de Diana para o comum dos mortais, para os colegas e para os deuses? Leiam isto.

Wonder Woman Hiketeia de Greg Rucka e J.G. Jones

Uma das poucas histórias finitas e em formato novela gráfica que envolvem Diana. Escrita por um confesso fã da princesa amazona, Greg Rucka, e excelentemente desenhada por J.G. Jones, apresenta não só o mediático conflito entre este personagem e o Batman, como também um enredo em volta de um antigo ritual grego chamado hiketeia, onde um suplicante pede ajuda e protecção a uma terceira pessoa. Neste caso, a terceira pessoa é a Mulher-Maravilha e aquele de quem pede-se protecção é o Batman. Este álbum foi percursor da run de Rucka no título mensal da personagem, um dos trabalhos autorais mais interessantes dedicados à princesa. 


Wonder Woman By Greg Rucka TP Vol 1

Greg Rucka, um autor geralmente associado a histórias policiais e urbanas, depois de Hiketeia fica a cargo da revista mensal da Princesa Amazona, conseguindo erguer-se para o panteão de um dos melhores escritores da personagem. Mesclando na perfeição a diplomacia da paz, o espírito guerreiro e a mitologia grega associada a Diana, Rucka dá-nos uma nova interpretação que vigora dentre as melhores. Uma run esquecida e que deve ser lida e relida. O volume inclui Eyes of the Gorgon, a mais emblemática das histórias de Rucka.

JLA: League of One de Christofer Mouller

Apesar do título, não se enganem: esta é uma história da Mulher-Maravillha. Uma profecia dita a morte de todos os membros da poderosa Liga da Justiça. Diana opta por tirar do palco todos os seus colegas, demonstrando que o Super-HomemBatmanFlash ou Lanterna Verde pouco podem contra a maior das super-heroínas. O espírito de sacrifício vem ao de cima quando a Amazona decide confrontar um Mal que possui poder suficiente para eliminar a mais poderosa equipa de super-heróis do multiverso.

Wonder Woman: Spirit of Truth de Paul Dini e Alex Ross


No início do século XXI, a DC Comics publicou vários álbuns em formato gigante com escrita de Paul Dini e desenhos de Alex Ross. Percorreram os três grandes ícones da editora, nomeadamente o Super-Homem, o Batman e a Mulher-Maravilha. O volume dedicado à princesa amazona é apropriadamente chamado de Espírito da Verdade. A encarnação da personagem pós-Crise e pós-Pérez foi interpretada como um bastião da Verdade ao ponto de, na versão de John Byrne, ascender a deusa desta superior filosofia. Dini e Ross optam por forçar Diana a explorar o seu papel no mundo ficcional da DC Comics ao mesmo tempo que a confrontam com problemas do nosso mais real.

Wonder Woman de Brian Azzarello e Cliff Chang 


Da mesma forma que Pérez o fez em meados dos anos 80, estes dois autores fizeram-no nesta segunda década do século XXI. Esta Mulher-Maravilha é mais visceral, bélica e violenta que a versão pacifista de Pérez mas nem por isso menos interessante. Na imaginação de inclinação noir que é a de Azzarello, Diana transformou-se numa verdadeira guerreira da paz. É também da autoria destes criadores uma das maiores “revoluções” na mitologia do personagem que, pessoalmente, acho interessante (ainda que outros fãs não partilhem da minha opinião). Com Azzarello e Chang, Diana é uma semideusa, filha de Zeus, acabando por fazer parte de uma galeria de personagens clássicos da literatura mundial. Recomendo a leitura de todo o trabalho de ambos o que, como podem calcular nestas coisas dos super-heróis, é bem mais que apenas um volume.

Justice League: Darkseid War de Geoff Johns, Jason Fabok e Francis Manapul


Quem leu este Blog no primeiro semestre sabe o quanto estive apaixonado por esta épica história da Liga da Justiça, publicada na revista homónima do grupo de heróis. Os maiores adversários do mundo da DC, Darkseid e o Anti-Monitor, o maior grupo de super-heróis, a Liga da Justiça, e a Mulher-Maravilha como narrador e ponto de vista. O jogo foi cósmico e a escala macro-universal. Dificilmente posso divertir-me mais (a ler, claro está). O final da história foi de importância tectónica para a vida da Mulher-Maravilha, ao ser revelado que ela tem um... querem saber? Leiam o que escrevi sobre o Justice League número 50 ou, melhor ainda, comprem a compilação desta história. 


Wonder Woman Earth One de Grant Morrison e Yannick Paquette.

Já fiz uma análise bastante aprofundada desta maravilhosa obra (leiam-na aqui) que saiu já este ano e que não é mais do que o início de uma trilogia a ser escrita e desenhada por estes criadores.

Wonder Woman de Greg Rucka, Liam Sharp e Nicolla Scott

Depois da DC ter reconhecido que o seu universo não estava a ser bem recebido pelos fãs, decidiu reinventar sem reiniciar tudo do zero. Abraçou todo o historial de mais de 75 anos e criou o conceito-chapéu de DC Rebirth, no qual pretende fazer regressar o sentido de legado e de História ao multiverso de super-heróis da editora. Quando à Diana, decidiu entregá-la às mãos de quem já tinha trabalhado com ela, Greg Rucka, escritor. Junto com Liam Sharp e Nicola Scott, explora o presente e o passado da heroína, respectivamente, e reinventa-a para os próximos anos. Quem lê a minha rubrica Vício do Mês, sabe do que falo.

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