Convergence, a quinta semana e Secret Wars (2015) número 1



Iniciou-se esta semana o segundo e último ciclo de Convergence, a minissérie da DC Comics onde regressam os universos da editora que desapareceram em anteriores Crises, Horas Zeros, Flashpoint, etc. Como já o disse repetidas vezes, é neste regresso que reside a maior parte do interesse do evento e esta quinta semana não é excepção (ainda?). A diferença é acabar a primeira leva de minisséries auxiliares, aquelas que se centravam no universo imediatamente anterior ao actual. Foram estas as histórias cuja existência foi abruptamente terminada em 2011 com o advento de um realidade rejuvenescida. Infelizmente, a maioria das minisséries auxiliares desta semana não atingem um patamar de qualidade minimamente interessante. Delas destaco o trabalho de Rucka e Hammer em Question e de Simone e Duursema em Nightwing & Oracle. Estas funcionam (não me canso de repetir) não só porque os talentos envolvidos são francamente superiores, mas também pelo empenho emocional dos autores em acabar histórias que, por um lado, eles próprios haviam começado e, por outro, tinham um apego mais forte. As restantes oscilam entre o mediano e o verdadeiramente dispensável, destacando, do ponto de vista meramente de fã (spoiler), o nascimento do filho do casal Super-Homem / Lois Lane desta realidade. É um momento relevante que, contudo, sabe a pouco pelo facto de não ser manuseado de forma mais hábil. De uma forma geral, os autores (e a editora) aproveitam também para corrigir alguns erros de argumentos de antigas e polémicas histórias (os fãs saberão do que falo), aparentemente terraplanando o terreno para futuros desenvolvimentos que os leitores poderão apreciar.

A série principal propriamente dita, Convergence, tem um pequeno upgrade nesta semana: os desenhos de Andy Kubert. O talento deste senhor não é nada de desmerecer e consegue oferecer alguma gravidade à escrita fraca e pouco relevante de Jeff King que, sim, estreia-se nestas andanças da Banda Desenhada mas que representa um erro de casting da editora. A história, mesmo para mim que já não sou novato, é cheia de referências que apenas os fãs de uma série em particular poderão apreciar (não vou dizer o nome para não estragar a surpresa). É o regresso de personagens afastados de publicação regular há muitos anos e que apenas uns poucos irão apreciar com total empenho. Digo-o sem reservas porque a DC Comics também o faz sem reservas: Convergence só interessa aos fãs de longa data

A Marvel, a outra grande editora de super-heróis dos EUA, inicia esta semana o evento de 2015 que promete modificar por completo a paisagem do seu multiverso: Secret Wars (sim, também tem um mutiverso, se bem que, em conceito, bastante diferente do da DC - um dia falo-vos disso). Esta revolução estava a ser preparada há muitos anos, desde que o escritor Jonathan Hickman havia agarrado nos Vingadores e, ao longo de vários capítulos, construído de forma lenta, paulatina e estruturada este mega-evento que resulta (e acho que não vou estragar a surpresa a ninguém) no fim do universo Marvel. A publicidade era ampla e os fãs já estavam preparados. Na era da internet e das encomendas três meses antes é difícil guardar surpresas desta envergadura. 

Ao contrário de Convergence, os talentos envolvidos não são pequenos e nota-se no produto final. Hickman não é um escritor de BD mediano, muito pelo contrário. O seu trabalho faz lembrar Grant Morrison pela cascata de ideias, pela linguagem críptica, e Alan Moore, pelo facto de verter filosofia e crenças aparentemente pessoais no trabalho. Esad Ribic é um desenhista de craveira elevada, justificando o facto do seu enorme talento poder ser apreciado num palco tão global - se bem que eu adorava que regressasse ao Thor de Jason Aaron. O primeiro número é ainda de preparação, mas as últimas páginas são suficientemente importantes para ser (muito) relevante a sua leitura. Não só ocorre um evento de gigantesca importância como é trabalhado de forma a ser uma coda do universo Marvel - basicamente a escolha do narrador é relevante e todos os fãs irão saber porquê.

Secret Wars é principalmente para quem já acompanha o trabalho de Hickman nos Vingadores e para quem sabe alguma coisa da Marvel. Contudo, pelo facto de representar o acto final de uma longa epopeia que o autor laborou ao longo de vários anos não choca. Deve-se ler esta série como o fechar da cortina, o capítulo final de um longo trabalho. Com altos e baixos mas que (possivelmente) será dos mais interessantes na já longa carreira dos Vingadores e do Universo Marvel. A ver vamos.

2 comentários:

Ivo Santos disse...

Excelente artigo, vou seguir este blog.

Estou a acompanhar a Convergence e as Secret Wars e apesar de ser um pouco cedo para poder comparar ambos os eventos, posso afirmar que até agora apenas os tie-ins da Convergence chamam a atenção. Principalmente as do Batman e do Nightwing e a Oracle.

Para já penso que as Secret Wars da Marvel em termos de qualidade está bem melhor que a Convergence da DC.

SAM disse...

Obrigado, Ivo, pelo comentário.

É exactamente isso que dizes. Ainda é cedo mas parece que a qualidade de Secret Wars é superior a Convergence. Mas é aguardar pela opinião final.