The Specter, The Wrath of God de John Ostrander e Tom Mandrake
Leiam neste link o post sobre o volume anterior deste série.
A série The Specter de Ostrander e Mandrake era daquelas que esperava ansiosamente para que um dia fosse coleccionada. Reservava na minha imaginação um lugar especial para a combinação destes dois artistas num personagem que, a meu ver, estava especialmente talhado para os seus talentos. Para além disso, fazia parte de uma DC Comics pela qual guardo especial carinho, aquela que foi a minha editora favorita de BD de super-heróis durante mais de duas décadas. O primeiro volume já tinha sido uma corroborarão de uma suspeita, a de que esta parelha de criadores só poderiam ter criado algo de maravilhoso. Este segundo volume é a continuação dessa certeza.
Desta feita, o personagem titular, a personificação da vingança do Deus cristão, principalmente daquele narrado no Velho Testamento, envolve-se numa situação de moralidade dúbia, quando decide colocar toda a inclinação humana para a violência e maldade na balança do seu julgamento. O que pode ocorrer quando um personagem todo-poderoso dotado de um sentido de justiça bipolar se vê confrontado com a matiz cinzenta do comportamento humano? As respostas de Ostrander são, por vezes, um pouco óbvias mas, ainda assim, dotadas de charme e complexidade suficientes para não perder a gravidade da reflexão. Por vezes, eu gostaria de uma abordagem um pouco mais subtil, ao estilo da de Neil Gaiman em Sandman mas, se a quero, tenho é que a ir ler nesse mesmo livro. Para além disto, o escritor decide explorar o passado da entidade Specter, explorando o seu nascimento, o seu predecessor e alicerçando essa exploração nos recônditos da mitologia da DC Comics e misturando-a com a cristã. Tudo para construir um quadro poderoso e pungente. Sem duvida, umas das grandes publicações da editora e só posso ter pena que ainda não tenha sido anunciada a publicação do terceiro volume da série.
Pretty Deadly vol. 1 de Kelly Sue DeConnick e Emma Rios
Por falar em mitologias, a Banda Desenhada é também profícua em criar as suas próprias. E, no caso da BD estado-unidense, nenhum universo mitológico seria mais apropriado que aquele associado ao dos westerns, a essa época da História dos EUA conhecida pelos cowboys e pelos índios. Estas duas autoras juntaram-se para criar um novo universo, envolvendo não só justiceiros e mercenários munidos de armas de fogo e velocidade de manuseio, como também estranhas personificações da Morte, as suas filhas e as suas servas. Tudo isto num palco trágico, violento e maior que a vida.
Confesso que será um problema meu mas não sou o maior fã de westerns à face da Terra. Existem obviamente excepções, como por exemplo a maravilhosa BD Bouncer (de que falarei aqui um dia) ou a eterna Blueberry, mas, regra geral, não tenha inclinação para estes contos. Pretty Deadly é, obviamente pela descrição que vos dei, um pouco mais que isso e foi o ambiente mitológico que me atraiu para a sua compra. Gosto destas combinações improváveis, desta mistura entre algo profundamente realista e algo mais sobrenatural. É uma escola de narrativa que vem dos gregos clássicos e que teve pontos altos, por exemplo, com Shakespeare, Goethe, Dante e o nosso Luís de Camões. Sim... eu gosto desse estilo. Ainda que se encontre algo desta índole em Pretty Deadly e de esta obra ser considerada como um dos grandes esforços da "nova" editora Image, a sua leitura não me estimulou. Contudo, pode acontecer que o seja para outros leitores e outras perspectivas. Por mim, talvez ainda dê mais uma tentativa mas esta não me aguçou o apetite.
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