Coleção Levoir/Público Marvel 2014 – 18.º Volume: Wolverine

(Prometo informar os menos conhecedores acerca da acessibilidade desta coleção de BD, ou seja, se é fácil ou não ler sem saber mais coisas)

Grau de acessibilidade: Médio para o fácil

Sai amanhã, Quinta-feira, dia 6 de Novembro, junto com Público e custa 8,9€

Todos os super-heróis têm de ter um arqui-inimigo, aquele cuja face que está do outro lado da sua moeda. Não só este paradigma é parte integrante da mitologia como acaba por ser uma fantástica metodologia narrativa. Milhares de histórias podem ser germinadas a partir desta semente, histórias que não só analisam o visceral antagonismo entre os dois seres como, na maior parte dos casos, espelham na perfeição a personalidade, filosofia e espírito do herói e, claro, do vilão. O público em geral já conhece alguns dos nomes mais conhecidos: o Super-Homem tem Lex Luthor; o Batman o Joker; os X-Men têm Magneto; o Wolverine tem Dentes de Sabre.

Chris Claremont, no seu maravilhoso conjunto de histórias dos X-Men, teve oportunidade para explorar em minúcia o panteão de personagens à sua disposição. Muitos criados por si, outros dados. Nestes últimos, nos quais se inclui Wolverine, incutiu um enorme cunho pessoal - no caso deste personagem, em colaboração com John Byrne. Quando foi hora de escolher o obrigatório arqui-inimigo para o mutante das garras retráteis escolheu um que havia criado para outra personagem. Dentes de Sabre surgiu, pela primeira vez, como antagonista de Punho de Ferro, super-herói que surgiu no frenesim da cultura das artes marciais da década de 70. A princípio nada fazia adivinhar a relevância que viria a ter mas, ao ser introduzido na mitologia dos X-Men e de Wolverine, as coisas modificaram-se significativamente. Numa saga apropriadamente chamada de “Massacre Mutante” Dentes de Sabre é reintroduzido como parte de uma equipa de assassinos de mutantes chamada Marauders. Ao mesmo tempo, é revelado que o selvagem vilão tem um passado misterioso com Wolverine.

De facto, desde cedo, novamente pelas mãos de Claremont e Byrne, o passado do pequeno herói mutante foi sempre envolto numa profunda aura de mistério. Nem o leitor nem, na maior parte das vezes, Wolverine sabiam quem na realidade era e qual o seu historial. Com “Massacre Mutante” mais uma camada de mistério é adicionada com a introdução de Dentes de Sabre.

O primeiro confronto entre ambos, desenhado por Alan Davis, foi um sucesso imediato e a rivalidade entre os personagens estender-se-ia durante décadas, inúmeras histórias e múltiplas evoluções. Jeph Loeb, escritor que temos já visto nestas coleções da Levoir (no volume anterior com o Hulk e nos da DC, na parelha Super-Homem / Batman), junta-se ao traço do ilustrador italiano Simone Bianchi, para escrever uma das mais recentes iterações deste confronto, numa das mais marcantes e importantes histórias desta eterna rivalidade.

Nota final – Eu não partilho da opinião que se tem de saber tudo para acompanhar bem uma história. Parte da “magia” da BD americana reside na descoberta posterior, na paciente reconstrução do puzzle. Mas para aqueles que não têm tempo e paciência aqui fica este meu pequeno esforço.


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