Todos os fãs de BD,
principalmente aqueles que coleccionam mensalmente a americana, sabem o prazer
que é telefonar para a nossa loja favorita de BD e de lá dizerem, em tom já um
pouco de fastio, “sim, a carga do mês está disponível!”. Eu sou daqueles que
está lá à primeira oportunidade e, no meu caso e devido à proximidade
geográfica (a loja é a BDMania, para
quem quer saber), estou por lá batido no primeiro ou segundo dia após a
auspiciosa chegada. É sublime vir carregado, Rua Garret abaixo, munido da
“droga” do mês, o fix mensal que tem
de ser lido rapidamente, muito rapidamente, como se os desenhos e palavras
fossem fugir página afora ou, como diz o outro, “como quem vai tirar o pai da
forca!”.
Este mês
estraguei-me um pouco (ou melhor estraguei a conta bancária) e trouxe mais do que
a conta. Queria experimentar uns títulos da DC
Comics que sites diziam valer a pena ou que, pura e simplesmente, dos quais
tinha lido os resumos das histórias e ficado imediatamente curioso. Já passo a
explicar porquê.
Lembram-se de há
uns tempos atrás ter escrito um artigo sobre como tenho estado decepcionado com
aquela que foi a minha editora favorita de BD de super-heróis desde os fins da
década de 80? E de como parece que eles andam a tentar reconquistar-me (só a
mim, claro)? Pois este mês lá continuaram a mandar charme para cima de mim, convidando
para jantar, apresentando restaurantes fabulosos de comida gotejante, mostrando
um decote de curvas latejantes (desculpem a brasileirada). Isto não se faz! Uma
mulher deste gabarito é muito cara e eu sou trabalhador por conta de outrem.
Começo por dizer (e
aqui falo apenas para os entendidos) o que eu geralmente compro da DC: Forever Evil; Batman; Batman & Two Face;
Wonder Woman; Superman / Wonder Woman; Justice League; Justice League
International; Earth 2. Contudo, não contente com isto, decidi experimentar
os seis números já saídos até à data de Batman
/ Superman, o primeiro da Justice
League 3000 e o Action Comics # 26,
com a “estreia” da nova equipa criativa.
AI.QUE.BOM.
A DC está em modo multiverso hardcore, o que existia antes da saudosa
Crise nas Terras Infinitas. O que
para uns será minar ad infinitum e ad nauseum os nomes mais conhecidos do
seu catálogo, o Super-Homem, o Batman, a Mulher-Maravilha, a Liga da
Justiça (e, aqui que ninguém nos ouve, até o é), para mim é pura droga
misturada em enchidos, de seguida estufados numa feijoada, acompanhada de uma
bela cerveja encorpada e ruiva.
É parcialmente
verdade o que um amigo uma vez me disse: a DC
parece que anda a repetir as mesmas histórias há 70 anos. Este reboot do seu universo de super-heróis
começado em 2011 é, de facto, isso e, mais recentemente, a editora tem-no
assumido de forma mais veemente. Mais do que no pós-Crise nas Terras Infinitas a DC está a recontar várias histórias
com mais de 20, 50 e 70 anos. Chegam ao ponto de dizer que o seminal Batman Year One de Frank Miller não existiu nesta nova continuidade, sendo substituído
pelo Year Zero de Snyder e Cappulo. São precisos grandes colhões - não vou agora discutir os
méritos dessa obra-prima da BD, nem o valor do da atual … o tempo
encarregar-se-á disso.
Não sei se sou mais
inclinado para gostar da DC do que da
Marvel, mas quando começam a aparecer várias versões do Super-Homem, do Batman e da Mulher-Maravilha,
o sangue começa a correr mais depressa. Foi por isso (a
partir de agora há enormes spoilers) que
fiquei siderado ao ver, pela “primeira vez”, o encontro entre os Super-Homem e Batman da Terra do universo “normal” e a do 2. Foi tão bom (re)ver
o Super-Homem da Terra-2 já casado
com Lois Lane, Batman com a Catwoman.
Saber que estas versões eram amigos de infância e que, na “nossa terra”, ambos
não se podem ver à frente, tão filosoficamente distantes estão um do outro.
Isto tudo nos primeiros quatro números de Batman
/ Superman de Greg Pak e Jae Lee. Contudo, nada na Terra-2 são
nuvens cor-de-rosa e finais felizes, porque sabemos que o Super-Homem torna-se servo de Darkseid,
o insano deus do Mal, e Batman morre
(vejam a revista Earth 2, para
confirmar). Como já disse, recontar histórias antigas mas com pitadas de novo.
E que dizer do
excelente trabalho de Chris Soule e Tony Daniel nos três primeiros números
de Superman / Wonder Woman, onde não
só finalmente a DC faz aquilo por que
eu ansiava há anos (ambos estes personagens namoram), como engendra uma
história cativante e consegue algumas das melhores caracterizações de ambos nos
últimos tempos. Tudo misturado com antagonistas gigantes da galeria do
casalinho: General Zod; Doomsday; Panteão dos Deuses Gregos
reinterpretados por Azzarello.
No artigo anterior
falei da minissérie Forever Evil,
onde a Liga da Justiça enfrenta
imagens distorcidas de si mesma, vindas de um universo onde o Bem é o Mal e
vice-versa. Apesar de Geoff Johns não
ser um Grant Morrison (vejam o
primeiro volume da coleção da Levoir
intitulado Earth-2), não deixa de
elaborar uma história ao mesmo tempo nostálgica e curiosamente nova.
Finalmente, algo do
qual gostei o primeiro número, mas de que ainda é cedo para determinar definitivamente
se é cativante: Action Comics de Greg Pak e Aaron Kuder. O trabalho do primeiro merece sempre uma segunda
vista de olhos, mas há que esperar mais um pouco. Quem sabe para um terceiro post!
Sem comentários:
Enviar um comentário