Pensavam que eu tinha
falado, há uns dias atrás, do filme mais conhecido do Kar Wai, In the Mood for
Love, só por acaso? Foi para vos preparar para este último dele, que já vi
há quase um mês mas que, muito sinceramente, ainda não tido inclinação ou visto
necessidade de falar sobre ele. Por causa desta mentalidade completista que
desenvolvi à conta da BD, vou ter de dedicar umas palavras, ainda que breves, ao
que o grande mestre Kar Wai (que
trocadilho tão inspirado!) fez, para mim, neste seu último filme.
Não fez muita coisa,
para grande pena minha!
O filme é
maravilhosamente filmado, com uma fotografia irrepreensível, atores fabulosos e
uma realização certa, poética, mesmo se tratando, no fundo, dum filme de artes
marciais. Contudo, faltou-me qualquer coisa. Será alma? Arrebatamento?… Já nem
digo da forma como foi o sublime In the
Mood for Love, mas qualquer coisa assim com os filmes que vi em 2013 e que
dei graças a deus por ter visto. Trata-se da história, contada de forma mítica
e fantasiosa, do mestre que terá treinado Bruce
Lee, o famoso ator que trouxe as artes marciais para o mainstream. É como se Kar Wai,
que no passado já nos tinha dado um filme de artes marciais, para mim melhor
que este, chamado Ashes of Time,
quisesse reclamar para os chineses um tipo de cinematografia e cultura que lhes
é muito querida, a dos filmes Wushu –
em Portugal tivemos umas das primeiras experiências com a saudosa série de TV, Os Jovens Heróis de Shaolin. Se essa era
parte da intenção, ao escolher um dos maiores ícones mainstream associado à máquina de Hollywood, não o poderia ter feito de forma mais contundente. Infelizmente,
isso não faz um filme e a este não basta essa eventual meta-mensagem.
Por mais efeitos que
tenhamos, batalhas coreografadas como se estivesse a cortejar o ballet, homens e mulheres belíssimos em enquadramentos
maiores que a vida, mise en scéne a
evocar quadros míticos, tudo isso não basta quando falta o coração e,
infelizmente, falta muito deste neste último esforço do mestre Kar Wai.
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