Dallas Buyers Club de Jean-Marc Vallée (Clube de Dallas)


Nesta altura dos Óscares existem filmes como este, onde os actores são o centro, onde tudo o mais orbita ou é comido pelas suas prestações. O realizador é pouco mais que um tarefeiro, o olho da câmara que foca e desfoca, enquadra, corta no preciso momento para fazer brilhar o actor que se entrega à película. Matthew McConaughey e Jared Leto são tudo em Dallas Buyers Club. O actor principal e secundário são o fim e o princípio da história que ficará para a História, a única razão porque valeu a pena ter visto este filme.

Este é daqueles filmes que Hollywood adora premiar por estas alturas, tendo já feito isso com Philadephia, tangencialmente semelhante em temática. O actor esforça-se para lá da incorporação da personalidade e entrega-se ao físico, completando o boneco de forma total, plena. Aconteceu com Tom Hanks, com Charlize Theron ou com Daniel Day-Lewis, todos em brilhantes interpretações que fizeram esquecer os seus verdadeiros nomes e transportaram as audiências para a excelência e plenitude da entrega. O que acontece é que a carga do actor e da sua prestação é tal que, muitas vezes, o filme é esquecido, colocando-o em segundo plano. Isto acontece em Dallas Buyers Club que, para além dos dois brilhantes protagonistas, pouco mais oferece que alguns lugares-comuns e um enredo sem surpresas ou genialidade.


Infelizmente, pouco mais há a referir em relação a este filme, tal é a força e omnipresença das prestações dos actores. Parece-me que Matthew McConaughey e Jared Leto muito dificilmente não levarão o cobiçado prémio para casa. O que, obviamente, é uma recompensa pelo que conseguem fazer mas não tanto por um filme perfeitamente banal e sem rasgos de maior. Porque é que nem todos conseguem ser como La Vie D'Adéle, que não só nos permite ver uma actriz num papel monumental como também um dos melhores filmes da história do cinema (sim, eu já começo a achar isso)?

2 comentários:

Cassete Riscada disse...

Acrescento uma nota sobre os Óscares deste ano: quase todos os filmes candidatos são baseados/inspirados em acontecimentos reais.
O que necessariamente se reflecte na narrativa.
Se calhar é mais difícil ter "surpresas"?...

SAM disse...

Ai as suprresas, que podem ser de tanta natureza! A narrativa de Dallas Buyers Club tem poucas mas o Lobo de Wall Street tem tantas. Não necessitam de ser reviravoltas no argumento (que pode ter se não conhecermos a história) mas apenas uma seleção de eventos que contribuem mais para o enredo.

Ou então, a surpresa pode ser apenas a qualidade.