(Prometo informar os menos conhecedores acerca da
acessibilidade desta coleção de BD, ou seja, se é fácil ou não ler sem saber mais
coisas)
Grau de
acessibilidade: Difícil mas…
Sai
Sexta-feira, dia 31 de Janeiro, junto com jornal SOL e custa 8,9€
A pergunta foi feita várias vezes e por
diferentes autores de BD: e se o Super-Homem
e o Batman fossem criados por outros
pais e com outros valores? É a pergunta do effant
sauvage, da natureza vs. educação, do que nos condiciona: o código genético
ou a educação que recebemos dos nossos pais e do meio que nos circunda na
infância. A resposta já foi uma vez dada por Mark Millar num dos melhores volumes desta coleção, exclusivamente
dedicado ao Homem de Aço: Herança Vermelha. Agora chegou a vez dos
dois maiores super-heróis do mundo serem testados em conjunto e, desta vez, não
numa realidade paralela mas na História regular do universo da DC Comics (ou, pelo menos, a que valia à
altura). Em suma, “isto aconteceu mesmo”.
Um triunvirato de vilões oriundos de 10
séculos no futuro querem modificar o rumo da História e, para tal, escolhem
alterar a vida de duas das mais importantes figuras do seu passado, o nosso
presente (estes enredos que envolvem viagens no tempo são sempre um desafio
para a língua, tão 3D quando deveria ser 4D). O que começa como um estratagema
costumeiro de vingança evolui para o campo da lenda, como é aliás apanágio dos
heróis da DC, melhor talhados para um estatuto “maior que a vida” e mitológico – isto quando os comparamos com os
da Marvel, por exemplo, onde os
personagens têm um cariz, na falta de melhor palavra, mais humano. O Super-Homem e o Batman são arquetípicos, principalmente porque foram os primeiros
mas também porque a sua matriz delimitou, salvo algumas exceções, o conceito de
todos os super-heróis que se lhes seguiram (na opinião deste vosso bloguista os
únicos que fogem a esta matriz são o Homem-Aranha
e o Wolverine - um dia falarei disso,
juro).
Cronologicamente, esta história segue-se à do
regresso da Super-Moça, também
publicada nesta coleção, e continua o trabalho do escritor Jeph Loeb que reuniu, após quase duas décadas de interregno, os
dois personagens numa única publicação. Entre as décadas de 40 e 80 era todos
os meses publicado um encontro entre o Homem
de Aço e o Cavaleiro das Trevas,
com o apropriado nome de World’s Finest
mas, como tantas outras coisas, a Crise
nas Terras Infinitas (e The Dark
Knight Returns) levariam a que uma
profunda amizade desse lugar a um distanciamento respeitoso e profissional,
dificilmente justificando um encontro mensal entre os dois. Esse hiato seria
quebrado com esta revista de nome Superman/Batman,
ao início escrita por Loeb, que
duraria até ser também cancelada com a mais recente formatação do universo DC
conhecida como Novos 52. Curiosamente
e como já aqui referi num post anterior,
este formato voltou há cerca de 6 meses na revista mensal Batman/Superman, com os talentos criativos de Greg Pak, Jae Lee e Brett Booth.
Nos desenhos deste divertido pedaço de
entretenimento (talvez mais para fãs que para os outros) temos o talento do
espanhol Carlos Pacheco que, desde
cedo, se afirmou como um dos mais competentes artistas de super-heróis da
geração do início do século XXI.
Desta forma, a Levoir completa uma das mais ricas coleções de BD publicada no
português do nosso Portugal e protagonizando os personagens da DC – a mais rica, na minha opinião.
Foram 30 fabulosos volumes que serviram para engrandecer as bibliotecas dos fãs
e não só. Muitos e muitos parabéns pelo esforço! Agora estamos preparados para
mais e, pelos vistos, começa já na próxima quarta-feira, dia 5 de Fevereiro,
com o retomar da publicação regular de personagens da Marvel, pela chancela da Panini
e num formato que já não existia no nosso português há mais tempo do que
ouso recordar, o da revista mensal – segunda-feira falamos melhor.
Nota –
Não partilho da opinião que tem de se saber tudo para acompanhar bem uma
história. Parte da “magia” da BD americana reside na descoberta posterior, na
paciente reconstrução do puzzle. Mas para aqueles que não têm tempo e paciência
aqui fica este meu pequeno esforço.
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