THOR, the Dark World de Alan Taylor



Não sei se já o disse em posts anteriores do género mas este vem do coração. Não existem aqui elaboradas confabulações sobre a profundidade epistemológica e relevância artística e histórica deste filme (quer dizer, existem algumas). Existe apenas e tão somente a admiração e paixão profunda pela Arte e Personagens que acompanho desde infância e que continuo a adorar acima de todas as outras Artes e todos os outros Personagens.
 
Perdoam-me?
Adorei o filme. Não há voltas a dar. Esta é uma opinião de íntimo: adorei o filme e quero voltar a vê-lo muitas vezes.
Não é segredo para ninguém que a Marvel continua a fazer crescer o seu universo cinematográfico, transportando para a tela do cinema o conceito de continuidade que tem feito as delícias dos fãs da BD mas que, muitas vezes, funciona em detrimento da conquista de novos apreciadores do género. Thor, The Dark World está claramente dentro da mega-história que tem vindo a ser construída desde o primeiro Homem de Ferro sem, contudo, ser um peso demasiado grande para a apreciação do enredo deste filme em particular. Claro que ajuda se tiverem visto o que aconteceu antes, principalmente os Vingadores.
A escala cósmica a mitológica que é a marca de água do Thor cresce neste 2.º filme o que é, obviamente, apropriado. As ameaças vêm desde antes do nascimento do nosso Universo, do tempo de trevas que antecedeu o nascimento da Luz, convocando terrores da dimensão que apenas um deus como este personagem poderia confrontar. Os cenários são mais grandiloquentes, megalómanos, titânicos. Contudo, não é apenas na escala universal que os filmes da Marvel e deste em particular se jogam. No amago da história está um conto de família, do pai Odin, mãe Frigga e dos dois meio-irmãos, Thor e Loki. É aliás nesta relação de amor-ódio fraternal que se joga uma boa parte do coração do filme, com os dois atores e exibirem uma qualidade e domínio impar dos seus personagens - Loki é particularmente bom e tem os melhores diálogos. Também Natalie Portman não passa despercebida, tendo bastante mais carne para mastigar num filme que poderia ser apenas um festival de testosterona. Não só tem uma presença bastante ativa no enredo como faz parte importante e, arrisco-me a dizer, tão determinante quanto Thor, na resolução do conflito. Os diálogos e situações cheias de humor continuam e ajudam a cimentar a dimensão humana, que é o cerne de verdade na escala cosmogónica em que se movimentam estes deuses.
Ocorrem alguns apontamentos negativos no enredo que, apesar de não prejudicarem o desfrute do filme e que têm a ver com duas coincidências, são um pouco difíceis de engolir - claro que não as vou aqui revelar.
Acontece uma homenagem bastante sentida e merecida a um dos maiores arquitetos do Thor, o enorme Jack Kirby, o rei da BD americana, desenhista que na década de 60 (junto com o Stan Lee) criou o universo do personagem. O encontro entre magia e tecnologia vem dele, um eterno fascinado com a teoria “os deuses eram astronautas”, teoria que repetiu atá à exaustão e de forma artística consistente durante toda a sua vida (Thor, Novos Deuses, Eternos, etc.). Já agora, um pequeno apontamento para os fãs (e um spoilerzinho): a raça de extraterrestres que apareceu na primeira de todas as histórias do Thor na Marvel faz uma perninha.
Finalmente, os filmes da Marvel não estão completos sem as obrigatórias cenas pós-créditos e este não tem apenas uma, mas sim duas. A segunda é um fim apropriado para este segundo filme do Thor. A primeira faz ponte para dois filmes que se seguem: Guardians of the Galaxy, a sair em 2014; Avengers 3 (sim, leram bem, o terceiro – sem data marcada - e não o segundo, que sai em 2015), aquele que será o final do percurso iniciado com o primeiro Homem de Ferro. Os fãs de BD vão perceber logo (depois expliquem aos outros pobres desgraçados).

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