Para lerem o post acerca do primeiro volume cliquem neste link.
Bill Willigham, o escritor por detrás de Fables, a já longa série da Vertigo que relata as desventuras dos personagens dos contos de fada nos tempos modernos, conseguiu encontrar ouro pela segunda vez. Fairest conta novas histórias vividas apenas pelos personagens femininos deste universo. O conto principal deste segundo volume pertence a Rapunzel, a rapariga de longos cabelos dourados que vivia encarcerada numa torre altaneira à espera do seu príncipe encantado - como convém a todas as princesas destas histórias de encantar. Contudo, a Rapunzel de Fairest está longe de ser uma donzela em apuros, antes é, como quase todas as mulheres da autoria de Willigham, fortemente independente e resoluta.
Coube a Lauren
Beuke e Inaki Miranda a tarefa de
contar esta saga envolvendo Rapunzel
que, adicionalmente, traz para o teatro do confronto a mitologia dos contos de
fadas japoneses. A fusão entre as mitologias pagãs europeia e japonesa não é
algo de novo nem na prosa nem na banda desenhada, mas os autores conseguem
empolgar com uma história épica que, não só conta novos pormenores relativos ao
universo Fables, como os enquadra numa
narrativa mais pequena e pessoal envolvendo a rapariga dos longos cabelos. O
carnaval de estranhos personagens da mitologia japonesa é particularmente bem
evocado pelos desenhos de Inaki Miranda,
e as palavras de Lauren Beuke, ainda
que um pouco destreinadas na arte da narrativa da BD, possuem um ritmo que
carrega a história para lá das fronteiras do convencional. Para além disto tudo,
e para aqueles que conhecem um pouco da recente filmografia de terror japonesa,
existe ainda um pormenor muito giro acerca da interligação entre esta e os
personagens europeus dos contos de fada. E mais não digo!
O último capítulo da coleção inclui uma
história escrita por Willigham e
desenhada por Kitson, envolvendo o
encontro romântico entre a raposa Reynard
(que afirma, a pés juntos, ser tão famosa que, em certos países, o seu nome é
sinónimo da espécie) e uma Mulher-Árvore. Este pequeno episódio está cheio da
assinatura humorística do escritor, que consegue transformar a mais ridícula
das histórias num divertido e leve registo que nos ajuda a acalmar depois do mais
pesado de Rapunzel.
Basicamente, este segundo volume Fairest é tão bom que acaba por ser
chato. Chato porque era bom que muitas BD fossem assim tão consistentemente
porreiras.
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