The Wolverine de James Mangold


Sempre fui fã do Wolverine de Hugh Jackman. Ainda que o ator, fisicamente, pouco tenha a ver com o personagem que anda pelas BD’s da Marvel há 40 anos, pareceu-me que conseguiu ir buscar a dupla natureza animalesca e doce de Logan e transmiti-la de forma perfeitamente convincente. Neste seu mais recente filme (o sexto em que faz do personagem – se contarmos com a pequena aparição em X-Men: First Class), Jackman já está completamente dentro da pele de Logan, o que em nada representa uma critica, antes pelo contrário. Neste momento é difícil imaginar outro a vestir a personalidade de Wolverine.

O filme representa uma gigante evolução qualitativa face ao anterior, o absolutamente medíocre Wolverine: Origins, que pouco contribuiu para a mitologia cinematográfica do personagem, tendo aliás funcionado como detrimento. Este, por seu lado, tenta ir buscar inspiração a uma das melhores histórias já escritas em BD para o personagem (Eu, Wolverine de Chris Claremont e Frank Miller) mas, infelizmente, pouco tem a ver com esse esforço de qualidade que foi o livro de 1982. Dessa história pouco mais vai buscar que a ligação do personagem ao Japão (que, aliás, já havia sido introduzida na revista dos X-Men) e a personagem Yukio, que aqui é bastante mais jovem que no original, preferindo o filme emular as “sidekicks” adolescentes femininas que Wolverine tem tendência a atrair.

O realizador, ainda que suficientemente competente, deixa sonhar pelo que seria este The Wolverine realizado por Darren Arranofsky que, por segundos, esteve como promessa de realizador deste filme. Foi pena não rever a parceria entre este e Jackman, tal como já a havíamos experimentado no excelente The Fountain. O que poderia ser um dos mais interessantes esforços no cânone dos filmes de super-heróis, pelo junção do ambiente japonês com o personagem selvagem e estigmatizado que é Wolverine, ainda que tenho momentos de história bastante interessantes, acaba por resultar num resultado mediano com capacidade de entretenimento. O melhor do filme são o desenvolvimento dos personagens, em que se nota uma tentativa de não passar da cena de ação para próxima sem qualquer tipo de argamassa narrativa, o que é de louvar. Não adianta apenas construir a mais rocambolesca cena de luta se não existir motivação por parte dos personagens e nisso o filme acaba por funcionar.

A história deste filme, cronologicamente, passa-se imediatamente a seguir ao terceiro X-Men, com Wolverine mergulhado num estado de miséria e comiseração após ter sido forçado a matar a sua amada, Jean Grey – que, aliás, aparece, sob a forma de Famke Janssen. Curiosamente acaba com uma cena pós-créditos, que nos prepara para a continuação da saga, com a Fox a copiar a fórmula (de sucesso) da Marvel, ao ligar, num universo coerente e interligado, os seus super-heróis (neste caso os X-Men). 

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