Este volume de Uncanny X-Force representa a última palavra de Rick Remender sobre a mais recente iteração desta equipa especial de
X-Men, cuja missão é perseguir e eventualmente
assassinar os seus mais temíveis inimigos. Num post anterior escrevi sobre o volume que antecede a este (podem-no
consultar aqui), onde é contada a primeira parte da derradeira história que
envolve este grupo de soldados liderados pelo famoso Wolverine. A filosofia da equipa envolve exatamente a tendência
deste personagem em matar inimigos e antagonistas de uma forma geral.
Wolverine, um dos arquétipos super-heroísticos, nasceu na década de 70, quando os
super-heróis americanos começaram a espelhar uma América menos inocente. Escândalos
políticos como Watergate e conflitos
muito criticados como a Guerra do Vietnam, levaram a que o americano médio
se questionasse acerca da integridade moral das fundações do seu país e da suas
instituições. Wolverine matava, algo
inaudito em qualquer outro super-herói, mesmo no sombrio Batman (ainda que este personagem, no inicio da sua publicação em
1939, não tivesse tantas compunções). Nesse sentido, Wolverine representa um novo paradigma do super-herói americano,
onde a moralidade de atos à partida considerados menos nobres entrava para uma
zona cinzenta, o que facilitava a identificação com um novo tipo de leitor,
mais adulto e ambíguo.
Uncanny
X-Force Final Execution vol 2 fecha, de forma relativamente
inédita para o personagem, este círculo de violência, colocando Wolverine defronte de um dilema mais perturbador do que
qualquer um outro vivido até este momento. Algo que, com certeza, deixará marcas
no personagem e poderá perdê-lo para o lado errado da salvação. Nesta tragédia
(porque é sempre de tragédia que falamos quando tocamos a vida de Wolverine) é acompanhado pela restante X-Force, composta por veteranos regra
geral mais adaptáveis a esta moralidade tão estranha a heróis baseados em
arquétipos como o do Homem-Aranha ou Super-Homem.
Remender fecha uma das mais satisfatórias histórias evolvendo as infinitas
variações dos X-Men, mas sempre com um
eterno defeito: é necessário um doutoramento para conseguir acompanhar estes personagens
mutantes e os contornos das suas múltiplas histórias e relações. Esta saga ganha
com uma leitura seguida dos sete volumes que a compõe. Se não têm medo de uma
história convoluta que se alicerça num conhecimento mais ou menos enciclopédico
do universo Marvel, esta pode ser a
vossa praia. Caso contrário será melhor ler outra coisa.
1 comentário:
É bem verdade o que dizes. Tentei acompanhar, mas a história tem demasiadas ligações a outras narrativas...
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