(Prometo informar os menos conhecedores acerca da
acessibilidade desta coleção de BD, ou seja, se é fácil ou não ler sem saber
mais coisas)
Grau de acessibilidade: Difícil mas…
Sai
amanhã, Quinta-feira, dia 13 de Novembro, junto com Público e custa 8,9€
Quando os heróis já enfrentaram por diversas
vezes os seus habituais inimigos fica difícil inovar. Ao mesmo tempo, uma das
histórias com quase tanta barba quanto a do aparecimento do super-herói é a do
confronto entre dois ou mais super-heróis. Quantas e quantas vezes o Super-Homem encontrava-se com, por
exemplo, o Capitão Marvel (não sabem
quem é? Para o efeito, não interessa), e a primeira reação de ambos era a de
desentendimento, seguida do confronto e, só depois, da junção para enfrentar o
verdadeiro problema, geralmente um super-vilão. Existe um lado muito atraente
para os fãs em ver personagens que são geralmente aliados a lutarem um contra o
outro. Não só ajuda a responder à juvenil pergunta de “quem é o mais forte?”
como possui uma carga dramática verdadeiramente cativante.
A editora Marvel,
nos últimos 10 anos, tem levado este confronto para um lado inesperado, não se
cingido aos eventuais desentendimentos mas indo mais longe, para o lado das
diferenças filosóficas entre heróis. Este rol de encontros começou com Dinastia M, onde os Vingadores estavam de um lado diferente do dos X-Men. Continuou, desta vez só com os Vingadores, com a Guerra
Civil (ambas estas histórias foram publicadas pela Levoir) e com as consequências da mesma – e que, ao que parece,
serão adaptadas no terceiro filme do Capitão
América, já que a base da titular guerra
era a do confronto entre o Sentinela
da Liberdade e o seu colega Vingador,
o Homem de Ferro. Alguns anos e
muitas histórias e sagas depois, eis que surge um confronto paradoxal mas
esperado entre duas das maiores equipas da Marvel.
Esta é a história que imediatamente antecede as publicadas nas revistas mensais
da Panini Portugal, nomeadamente as
dos Vingadores e dos X-Men, e funciona como importante
complemento para perceber o ponto onde se encontra, principalmente, a equipa de
mutantes.
São vários os escritores e desenhistas que
trabalharam nesta saga, que sofre de vários defeitos, ainda que tenha
importantes virtudes. Algo pelo qual não tenho particular afinidade é
exatamente o facto de ser trabalhada por vários autores que, ainda que
detentores de enorme talento, acabam por contribuir para um todo incoerente –
cheira ao trabalho de encomenda que na realidade é. Por outro lado, é o
culminar de uma multitude de outras histórias vindas de outros volumes (como Dinastia M), obrigando a um
enciclopédico conhecimento dos meandros em que estes estes personagens se
movimentaram na última década. Não que isso não deva funcionar como detrimento,
como aliás sempre digo no final de cada um destes posts. Por outro lado, as vantagens residem nas mesmas
características que são também defeitos. Não só estamos defronte do trabalho de
alguns dos mais interessantes escritores e desenhistas de BD de super-heróis,
como muita da magia da mitologia dos personagens reside no conturbado historial
que os rodeia. Em suma, uma maneira curiosa de culminar esta coleção da Marvel de 2014: não com um Fim mas sim
com um Continua…
Nota final – Eu não partilho da opinião que se tem de saber tudo
para acompanhar bem uma história. Parte da “magia” da BD americana reside na
descoberta posterior, na paciente reconstrução do puzzle. Mas para aqueles que
não têm tempo e paciência aqui fica este meu pequeno esforço.
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