(Prometo informar os menos conhecedores acerca da
acessibilidade desta coleção de BD, ou seja, se é fácil ou não ler sem saber
mais coisas)
Grau de acessibilidade: Médio para o fácil
Sai
amanhã, Quinta-feira, dia 6 de Novembro, junto com Público e custa 8,9€
Todos os super-heróis têm de ter um
arqui-inimigo, aquele cuja face que está do outro lado da sua moeda. Não só este
paradigma é parte integrante da mitologia como acaba por ser uma fantástica metodologia
narrativa. Milhares de histórias podem ser germinadas a partir desta semente,
histórias que não só analisam o visceral antagonismo entre os dois seres como,
na maior parte dos casos, espelham na perfeição a personalidade, filosofia e
espírito do herói e, claro, do vilão. O público em geral já conhece alguns dos
nomes mais conhecidos: o Super-Homem
tem Lex Luthor; o Batman o Joker; os X-Men têm Magneto; o Wolverine tem Dentes de Sabre.
Chris Claremont, no seu maravilhoso conjunto
de histórias dos X-Men, teve
oportunidade para explorar em minúcia o panteão de personagens à sua
disposição. Muitos criados por si, outros dados. Nestes últimos, nos quais se
inclui Wolverine, incutiu um enorme
cunho pessoal - no caso deste personagem, em colaboração com John Byrne. Quando
foi hora de escolher o obrigatório arqui-inimigo para o mutante das garras
retráteis escolheu um que havia criado para outra personagem. Dentes de Sabre surgiu, pela primeira
vez, como antagonista de Punho de Ferro,
super-herói que surgiu no frenesim da cultura das artes marciais da década de
70. A princípio nada fazia adivinhar a relevância que viria a ter mas, ao ser
introduzido na mitologia dos X-Men e
de Wolverine, as coisas
modificaram-se significativamente. Numa saga apropriadamente chamada de
“Massacre Mutante” Dentes de Sabre é
reintroduzido como parte de uma equipa de assassinos de mutantes chamada Marauders. Ao mesmo tempo, é revelado
que o selvagem vilão tem um passado misterioso com Wolverine.
De facto, desde cedo, novamente pelas mãos de
Claremont e Byrne, o passado do pequeno herói mutante foi sempre envolto numa
profunda aura de mistério. Nem o leitor nem, na maior parte das vezes, Wolverine sabiam quem na realidade era e
qual o seu historial. Com “Massacre Mutante”
mais uma camada de mistério é adicionada com a introdução de Dentes de Sabre.
O primeiro confronto entre ambos, desenhado
por Alan Davis, foi um sucesso imediato e a rivalidade entre os personagens
estender-se-ia durante décadas, inúmeras histórias e múltiplas evoluções. Jeph
Loeb, escritor que temos já visto nestas coleções da Levoir (no volume anterior com o Hulk e nos da DC, na parelha Super-Homem
/ Batman), junta-se ao traço do ilustrador italiano Simone Bianchi, para
escrever uma das mais recentes iterações deste confronto, numa das mais marcantes
e importantes histórias desta eterna rivalidade.
Nota final – Eu não partilho da opinião que se tem de saber tudo
para acompanhar bem uma história. Parte da “magia” da BD americana reside na
descoberta posterior, na paciente reconstrução do puzzle. Mas para aqueles que
não têm tempo e paciência aqui fica este meu pequeno esforço.
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