C'est quoi cette famille?! de Gabriel Julien-Laferrière (Mas Que Família é Esta?!)

O feelgood movie, aquele que nos obrigava a passar tardes de domingo a vê-lo em família e afundados no sofá da sala, esse tipo de filme não tem de ser exclusivamente feito pela magia de Hollywood. Sabem disso, não é? Já aqui o disse em relação a coisas como La Famille Bélier,por exemplo, que os filmes franceses são muito mais próximos de nós, portugueses, do nosso dia-a-dia, da nossa geografia, dos nossos hábitos, que os produzidos nos EUA. Tudo é muito mais familiar. O tipo de ruas. O mesmo ritual comunal de comer, de beber. O mesmo à vontade com que nos relacionamos com os nossos familiares, amigos, conhecidos. Os EUA é os EUA. A Ásia é a Ásia. A Europa, mesmo com os seus múltiplos costumes, é a Europa. E os latinos, esses então são os latinos. Somos nós.

C'est quoi cette famille?! é isso mesmo: um filme bem disposto, despretensioso e cheio de referências e ambientes que nos são familiares. Não esperem dele complexidade cinematográfica. Não esperem a última coca-cola do deserto no que à inovação da 7.ª Arte diz respeito. Esperem apenas passar um bom tempo sentados na sala de cinema. 

A história tem daquelas situações idealizadas típicas de telenovelas ou de sitcoms, tratada com humor francês e com a despreocupação pelo PC típica dos latinos. Existem seis crianças filhas de diferentes combinações de mães e pais, meio-irmãos, semi-irmãs, quartos-irmãos, etc. Fartos de andar a trocar de casa três vezes por semana, de parecerem camelos pelas ruas de Paris, insurgem-se contra os adultos e refugiam-se na casa abandonada de um dos pais. Aí refugiados, obrigam os progenitores a revezarem-se em visitas à casa deles. A situação cómica, típica de tantos outros filmes e não só, arrasta, por si só, os vários personagens para momentos que são, acima de tudo, bem dispostos. Existem dramas, claro, mas apontados para uma resolução aconchegante de happy ending - e é assim que tem de ser. Os actores e o argumento são os heróis do filme. O realizador está lá de forma discreta e nada disruptiva - uns dirão sensaborona ou baunilha. Para mim, foram quase duas horas muito bem passadas. Bem apropriado para o Verão.

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