Secret Wars (2015) número 2 e Convergence, semana seis.

Será cedo demais para ter esperança? Será que posso segurar o entusiasmo depois de ter lido o segundo número de Secret Wars? Será que a Marvel, finalmente, tem a sua Crise nas Terras Infinitas? Ou seja, será que a editora do Homem-Aranha e do Quarteto Fantástico finalmente cumpre uma promessa de qualidade neste tipo de evento? O primeiro número já havia demonstrado que algo de superior a anteriores séries-grandes-e-surpreendentes-que-metem-toda-a-gente estava a ser cozinhado, mas este número dois entrega algo verdadeiramente impressionante. Os obreiros, o escritor Jonathan Hickman, o desenhista Esad Ribic e colorista Ive Svorcina, constroem um capítulo cheio de ideias loucas, desenhos maiores que a vida, visuais estonteantes, palavras épicas. Usando uma bem conhecida metáfora, agarram no baralho que foi o destruído multiverso da editora, baralham muito bem baralhado, e voltam a dar mas com combinações improváveis, conceitos inventivos (ainda que talvez não muito inovadores) e um sentido de respeito, homenagem e maravilhamento como é muito raro ainda ser visto nestes acontecimentos. Volto a dizer, se calhar é ainda cedo para tecer tantos elogios mas este segundo número é um pouco acima do normal. 

É virtualmente impossível falar de qualquer coisa do enredo sem vos estragar a surpresa, e os que leem este blog sabem como odeio estragar qualquer surpresa. Comigo foi assim. Agarrei, li e fiquei mesmerizado. Pensei: o trabalho de Hickman desde há alguns anos encaminhava-se para isto? Estou a ficar impressionado. Nestes trabalhos por encomenda, o equilíbrio entre o escritor e o desenhista é sempre algo conseguido com muito suor e lágrimas . Ainda que se conheçam e se admirem, muitas parelhas podem não funcionar, ou melhor, podem não gerar obras de excepção. Existem exemplos para um e para outro lado. Hickman e Ribic parecem ser do lado bom, do lado excelente. Espero que continuem assim.



Do lado da DC Comics, a sexta semana de Convergence continua a ser mais do mesmo, infelizmente. A minissérie principal, onde supostamente ocorrem os eventos verdadeiramente importantes, é trabalhada de forma amadora e despachada. Esta semana ganha algum interesse adicional exclusivamente para os fãs, com algumas evoluções de enredo curiosas (se bem que pouco inventivas ou inovadoras) mas nada que seja particularmente bem aproveitado pelos talentos envolvidos. Estas evoluções abrem ligações a outras histórias: à extraordinária série Multiversity de Grant Morrison e à futura Darkseid War de Geoff Johns na Liga da Justiça.  Quase que posso dizer que, tirando estas ligações e o aparecimento do "meu" Super-Homem, o sexto número de Convergence pouco teve a oferecer.

As minisséries auxiliares terminam mais uma fornada. Ao contrário do mês anterior, os números dois destas séries apresentam uma qualidade geral um pouco superior. Hama volta a oferecer uma história segura em Batman, Shadow of the Bat, justificando a sua escolha para um número que opõe Bruce Wayne e Jean Paul-Valley, os Batman da década de 90, contra Wetworks, uma criação de Whilce Portacio para a Image. O vernáculo militar e bélico cola especialmente bem com Hama, não fosse ele o escritor de GI Joe. O número dois de Green Arrow oferece algo um pouco diferente do habitual nestas minisséries de Convergence, não se cingindo à batalha du  jour, mas procurando explorar a relação familiar entre os escolhidos para o embate. É inevitável que este ocorra mas Christy Marx e o saudoso Rags Morales sobem um pouco o nível neste evento da DC. Volto a destacar o trabalho de Tieri e Mandrake (gosto tanto de Tom Mandrake) no Suicide Squad, que justificam neste capítulo o nome da série. Finalmente, as restantes oscilam entre a qualidade mediana, como Catwoman, Green Lantern/Parallax, Justice League e Superboy, e aquelas que pouco me entusiasmaram - Aquaman; Supergirl; Steel. Parece existir uma atmosfera de inevitabilidade e tragédia em muitas das histórias contadas nas minisséries desta semana, o que provavelmente ajuda a justificar o porquê de ter apreciado um pouco mais que o normal. Não há ninguém que tire o grego do meu sangue.

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