Avengers, The Age of Ultron de Joss Whedon (Vingadores, A Era de Ultron)


Quando começo a escrever estas palavras no ecrã vazio, ainda estou próximo em minutos dos créditos finais do novo filme da Marvel, os Vingadores, a Era de Ultron. Os que não são estranhos a este blog sabem o que a Banda Desenhada, principalmente a dos EUA, representa para mim. Apesar de ser também um enorme apreciador da arte de fazer Cinema, esta primeira e primal paixão suplanta todas as outras. É inevitável e incontornável. Portanto, ver um filme destes nada tem a ver com uma análise circunspecta e intelectual (que também há, mas contida), é muito do coração, do sangue e do corpo. É código genético.

Adorei este novo filme dos Vingadores mas, provavelmente, não tanto quanto o anterior ou que outros filmes de super-heróis que me tocam ainda mais fundo (falo do Man of Steel, por exemplo). É mais um sucesso garantido para a Marvel mas que não sabe à novidade, frescura e rebeldia que o anterior soube. Os pontos altos são, sem duvida, o desenvolvimento dos personagens. É nos momentos de troca de galhardetes, de confronto ou de partilha de personalidades que este Vingadores ganha mesmo em relação ao anterior. São os pedaços de sossego e calmaria, quando temos tempo para conhecer quem são, perdoem o cliché, as mulheres e os homens por detrás dos nomes e fatos coloridos, são esses os momentos gigantes do filme. O que é dizer muito, principalmente quando temos, parafraseando um personagem surpresa deste Vingadores, deuses a caminhar na terra.  É impossível falar-vos de pormenores sem vos estragar o prazer de ver e ouvir o que está no ecrã, portanto não vos vou fazer esse desserviço. Joss Whedon é um escritor de personagens e neste Vingadores tem espaço, tempo e orçamento para desenvolver essa sua qualidade. Mas é também no orçamento que as coisas se complicam.

O que vos vou dizer será, para muitos, estranho e paradoxal. As batalhas são maiores, mais coloridas, mais titânicas que no anterior filme. Terão oportunidade de ver heróis contra vilões, heróis contra heróis, num carnaval de violência e pirotecnia já costumeiro nestes filmes de Verão. No anterior esses momentos eram temperados com apontamentos de humor espalhados pelo campo de batalha mas, desta vez, são menos ou, pelo menos, menos impactantes. Ou talvez seja apenas uma impressão minha. Sim, as batalhas são impressionantes, belas e terríveis. Sim, existe espaço para os personagens brilharem mas senti qualquer coisa em falta. Talvez o elemento surpresa do primeiro tenha sido impossível de reproduzir.

A quantidade de novos personagens é impressionante. Alguns maiores, como o vilão titular, os irmãos Mercúrio e Feiticeira Escarlate, o Visão. Outros menores, como Klaw. Mas a maestria de Whedon arquiteta o argumento para que nada pareça rápido demais, subdesenvolvido. Há verdadeira orgânica e fluidez entre eventos, tudo se colando de forma subtil. No meio há muitos piscar de olhos aos fãs de muita longa data mas, claro, não vos vou estragar a delícia de os descobrir.

Outra vitória é o vilão, Ultron, com a voz interpretada pelo sempre brilhante James Spader. Um vilão que, à boa maneira dos grandes inimigos, é o reflexo distorcido dos próprios heróis e, neste caso, de um em particular. Ainda que eu preferisse o meu Ultron mais tenebroso e negro, percebo que a máquina imparável de ódio e destruição da BD seja complicada de passar no contexto da história deste filme.

Finalmente: Gavião Arqueiro; Viúva Negra; Hulk. São estes os nomes dos melhores Vingadores. Whedon dá-lhes muito mais que apenas o que fazer e dizer, dá-lhes uma profundidade dramática inesquecível, uma maturidade que constrói uma tapeçaria de contornos complexos. Nenhum foge à matriz já existente na BD mas evolui as suas personalidades para lados deliciosamente profundos. Tenho de tirar o chapéu a Scarlett Johansson. Eu sei que serão em parte as hormonas a falar mas a presença desta senhora no ecrã é absolutamente hipnotizante. Marvel, por favor, dêem-nos já, neste momento, um filme apenas da Viúva Negra. O vosso universo bem que precisa.

Em suma, um filme que, apesar das falhas, é mais uma vitória de Joss Whedon, dos actores, da Marvel.

2 comentários:

Nuno Amado disse...

A ver se vejo este fim de semana
:)

SAM disse...

Vai ver, Nuno. Claro que obrigatório para a nossa tribo. LOL