Dois diálogos deste mesmo filme
resumem o seu intuito e centro na perfeição. Em primeiro lugar, é referido que
este é o tipo de história que pouco interessa a intelectuais. Mais à frente e
quase no final, Philomena diz ao seu amigo jornalista que uma frase de T.S. Elliott
que ele cita é muito bonita. Contudo, quando ele refere o nome do autor, Philomena
afirma peremptória que mais interesse teria se tivesse sido inventada por ele.
Esta é uma história de interesse
humano, onde uma mulher idosa finalmente arranja coragem para investigar o
paradeiro do seu filho, que freiras católicas irlandesas haviam vendido há 50
anos atrás. Philomena é uma senhora simples, de gostos simples, maravilhosa na
pele de Judi Dench e é ela o coração do filme, como aliás o título atesta. É
nestes papéis onde, aparentemente, o actor se afasta da persona que constrói em
volta do mito, que ele revela a sua qualidade multifacetada. A brilhante actriz inglesa dança sem esforço pela candura e simplicidade da personalidade de
Philomena, oferecendo-nos uma doce velhota que todos gostaríamos de ter como avó.
Por seu lado, Steve Coogan, no papel do jornalista que ajuda à descoberta do paradeiro
do filho perdido, ainda que consiga retirar uma prestação sem esforço, está também
longe de esconder a de Lady Dench.
Stephen Frears (realizador de um
dos meus filmes favoritos, Alta Fidelidade),
pouco mais é que um competente tarefeiro, levando a água ao moinho da história sem
rasgos de genialidade nem tropeço de incompetência. Serve o enredo e os actores com uma câmara capaz mas, infelizmente, pouco pessoal.
Em suma e em sumo, um filme simpático.
Como diz Philomena, a história de alguém que todos conhecemos, alguém “real”.
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