O que vou lendo - Happy! de Grant Morrison (escritor) e Darick Robertson (desenhista)

Grant Morrison, escritor e autor de BD, está a ficar mole com a idade!
 
Happy! começa de forma relativamente banal. Um polícia caído na desgraça enveredou pelo lado negro da justiça, dispensando-a a quem lhe paga mais, um mercenário sem escrúpulos e amoral. Nada de novo, portanto. Um dia, começa a ter visões, devaneios psicotrópicos que só podem ser produto de uma mente tomada pela doença mental. Um pouco interessante mas, até agora, continua a não ser nada de extraordinário. O que acontece é que, para Nick Sax, essa visão muito real é um pequeno unicórnio voador azul “cartoonesco”, que fala e age como um desenho animado, todo ele algodão doce e discursos arco-íris. Pois agora a coisa já pia fininho!
 
Interessados? Pois deveriam, porque esta primeira incursão de Morrison e do desenhista Robertson (também pouco conhecido pelo lado fofinho da vida) pela editora Image é deliciosamente redentora. Agarram com unhas e dentes todos os clichés noir - a decrepitude citadina, os becos escuros, o policia caído em desgraça - e misturam-nos com as especiarias de outros mundos, saindo um produto verdadeiramente diferente e, acima de tudo, afastado da maior parte do universo estilístico destes dois autores. Talvez porque entraram de pés juntos pela Image adentro e queiram demonstrar que estão preparados para algo novo, fora das raízes Vertigo e super-heroísticas. Ou então, pura e simplesmente, porque tiveram uma boa ideia.
 
Anda assim, ao nível do desenho, Robertson continua sujo q.b., veiculando um mundo desgastado e amarrotado, acentuando o lugar-comum deste tipo de conto noir que Morrison quer, no início da história, veicular. Mas, o que que começa como mais um relato de “estamos todos no lixo e isto não se endireita”, transforma-se em esperança no futuro. E, meus caros, às vezes isso também sabe bem.
 

Outras das vantagens deste Happy! é que os quatro capítulos que o compõe representam a totalidade da história, o que, no panorama da BD americana, é sempre de louvar.

2 comentários:

Cassete Riscada disse...

Deve ser um livro bem fixe! Eu curto muito o Grant Morrison!

SAM disse...

É um dos melhores, o Tio Morrison. Marado mas bom como tudo.