Esta BD é uma raridade. Primeiro porque basta ler este volume
para que tenhamos uma história completa e acabada (até ao ponto em que as histórias
acabam, porque elas têm tendência a continuar mesmo depois do artista dar-se
por satisfeito com elas). Segundo, porque é a evolução de três conceitos hoje
em dia muito na moda: zombies; vampiros; romance de época vitoriana ao estilo Downton Abbey. Se a mistura vos parece
estranha, imaginem então lê-la e ficar deliciados com a fusão pós-modernista
que é este excelente esforço de Abnett
e Culbard, publicado pela Vertigo.
O início do século XX foi cheio de evoluções e revoluções, principalmente
agora que ganhamos a visão do ocorrido nos 100 anos seguintes, que passaram
pelo advento de pensamentos estruturantes (modernismo, cubismo), artes cheias
de novos pontos de vista (cinema, arquitectura, pintura) e, acima de tudo,
artistas, cientistas e filósofos que se esforçaram para pensar e gritar para
fora das suas próprias cabeças. Foi neste crepúsculo ideológico que a ciência continuou
a lenta caminhada para a afirmação, paulatinamente derrubando os axiomas místicos
e religiosos até então criados.
No universo criado por Abnett para esta BD ocorreu uma catástrofe que, ainda que não tenha limitado esta explosão criativa do século XX, mudou em muito a perspectiva humana sobre a sua própria mortalidade. 50 anos antes da época em que começa o livro, ocorre o advento dos zombies, os mortos vivos, que aparecem do nada e obrigam uma classe privilegiada inglesa a ministrar aos merecedores uma “cura” que, em resumo, os transformava em vampiros. Volvido meio século, a Grã-Bretanha está dividida em zonas, uma reservada a vampiros, outra a zombies e uma última exclusiva para humanos não privilegiados o suficiente para receber a bênção da cura.
É neste panorama que ocorre um estranho assassinato. E, da investigação levada a cabo por um vampiro veterano da guerra dos zombies, obsoleto detective de homicídios (sim, com os privilegiados sendo imortais, o assassinato caiu de moda), literalmente o mundo não será mais o mesmo.
No universo criado por Abnett para esta BD ocorreu uma catástrofe que, ainda que não tenha limitado esta explosão criativa do século XX, mudou em muito a perspectiva humana sobre a sua própria mortalidade. 50 anos antes da época em que começa o livro, ocorre o advento dos zombies, os mortos vivos, que aparecem do nada e obrigam uma classe privilegiada inglesa a ministrar aos merecedores uma “cura” que, em resumo, os transformava em vampiros. Volvido meio século, a Grã-Bretanha está dividida em zonas, uma reservada a vampiros, outra a zombies e uma última exclusiva para humanos não privilegiados o suficiente para receber a bênção da cura.
É neste panorama que ocorre um estranho assassinato. E, da investigação levada a cabo por um vampiro veterano da guerra dos zombies, obsoleto detective de homicídios (sim, com os privilegiados sendo imortais, o assassinato caiu de moda), literalmente o mundo não será mais o mesmo.
Extraordinária BD cheia de imagética perene e frases
infinitamente citáveis, The New
Deadwardians prova, uma vez mais, a incrível capacidade da BD para temas tão
seus e dificilmente adaptáveis por outras artes (se bem que este livro está mesmo
a pedi-las para ser adaptado ao cinema). Temos a certeza que nos debruçámos
sobre uma excelente história, quando a forma, neste caso a mistura de vampiros, zombies e
intriga vitoriana, é apenas o palco para uma moral e ética humana e universal.
Decididamente a ler.
2 comentários:
Na realidade já estive "vai não vai" para comprar este livro por diversas vezes.
O conceito é muito bom, e um dia destes... "vai"!
:D
Eu fiquei logo todo em pulgas quando li a entrevista incial do Abnett numa Newsarama ou CBR da vida. mal saiu (e foi recentemente) li. Despachei-o em poucas horas. 5 *****.
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