Depois de mais de um ano sem visitar esta narrativa distópica do universo dos super-heróis da DC Comics, regressamos para ler os novos pesadelos de alto valor de entretenimento que os autores conseguiram sonhar. Para quem não sabe do que esta série trata, podem sempre ler as análises que fizemos aos anos um (aqui) e dois (aqui).
Nunca é repetitivo dizer que ler Injustice Gods Among Us não é para os iniciados na mitologia DC. Ajuda conhecer um pouco mais que os conceitos básicos. Não basta saber quem é o Super-Homem, o Batman, ou a Mulher-Maravilha, para tirar bom partido da história. É necessário entrar de forma mais profunda na minúcia de alguns conceitos menos conhecidos como, por exemplo e especificamente para este terceiro volume, o mundo mágico da DC. Provavelmente, ajudaria ter umas páginas de entrada onde era explicado quem são os principais intervenientes, a sua relevância no universo DC, etc, mas a editora não escolheu esse caminho e, quem entra a ler de rompante mesmo que seja o primeiro volume, pode sentir-se perdido. Nada que seja muito complicado (estamos a falar de cultura pop e não física quântica, convenhamos), mas fica o nosso sentido aviso - um pequeno serviço público.
Se até este volume o confronto entre um Super-Homem déspota e o Batman libertador centrava-se nas componentes mais cósmicas e terrenas, neste terceiro volume entram, como já referido, as mais místicas, com personagens como John Constantine, Deadman, Spectre, Phantom Stranger, etc, a assumir uma papel muito relevante, que eleva a dimensão trágica e o alcance do entretenimento blockbuster que é esta BD. Liberto das amarras da normal continuidade, os autores podem esticar a corda e expor as personagens da DC a mutações, variações e plot twists mirabolantes de alto valor edge of your seat (sim, fomos, ao contrário do que é costume, para o lado negro da escrita, com muletas anglo-saxónicas). Literalmente, tudo pode acontecer e acontece. Não só as costumeiras, surpreendentes e violentas mortes (nem são muitas neste terceiro volume), mas outros eventos igualmente chocantes. Ele há escolha inesperada de lados na guerra. Mudanças de personalidade que parecem violar antigos conceitos mas que, depois de reflexão, se calhar assim não tanto. Tudo escolhido a dedo, com diálogos rápidos, certeiros, que ajudam à velocidade de narrativa e de leitura. Em suma, o que filmes de pastilha elástica muitas vezes prometem mas não entregam.
Esta série tem outra virtude. Não necessitamos acompanhar mil e um títulos adjacentes para acompanhar o enredo. Está tudo concentrado nos volumes que têm saído. Não sendo para todos, pode ser que, ainda assim, mesmo os menos versados em pormenores DC sintam-se tentados em dar uma olhada. E, quem sabe, uma Levoir possa nos dar o prazer de publicar estas histórias no nosso português. Nunca se sabe!
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