(sem spoilers)
Este post tem várias camadas de emoção. A última deixo-a para o final. A primeira é que falar sobre a minha personagem favorita da BD e da ficção é uma tarefa ao mesmo tempo fácil e difícil - e os que sempre me honraram em ser meus leitores sabem-no muito bem. Fácil porque as palavras não têm dificuldade em sair-me dos dedos. Difícil porque a objetividade sai pela janela fora. Tudo o que escrever neste post deve ser lido com os olhos de quem tem gostos maiores que a razão. É por isso que vou já vos poupar e dizer logo à cabeça que adorei o novo filme da Diana, Princesa de Themyscira, a Mulher-Maravilha, realizado e escrito por Patty Jenkins e protagonizado por Gal Gadot. Por isso, isto não é de modo algum uma análise cuidada e cinematográfica do filme, mas uma crónica de amor e de agradecimento.
Se puderem ver este filme numa sala de cinema, com todos os preceitos de segurança que estes tempos impõem, façam-no. As paisagens e emoções que Patty Jenkins nos prepara são de tirar a respiração e de fazer o coração voar. Elas devem ser apreciadas no glorioso espetáculo da tela gigante, colados ao ecrã, para que os olhos não se desviem para fora da imagem. As salas agradecem.
A realizadora e a atriz provam o quanto percebem quem é a Diana. Eu, que sou fã da personagem há mais de 30 anos, tenho de confessar que a emoção tomou conta de mim em mais do que um momento. Para um homem já com algumas décadas de vida, foi uma sensação maravilhosa (pun intended). Sem vos estragar o prazer de descobrirem o enredo, os artífices deste filme navegam a personalidade da MM com a destreza de quem a ama e de quem tem a certeza que ela ainda tem algo relevante para dizer nos dias de hoje - 80 anos depois de ter nascido. Isto sem esquecer de dar camadas espessas de personalidade, conflito e dúvida a uma personagem que, muitas vezes, é de tal forma "idolatrada" pelos escritores de BD que aparenta não ter falhas. A Diana de Jenkins e Gadot é o foco e o centro da ação e do enredo, sem esquecer, claro, os antagonistas. Raras são as vezes em que uma atriz encapsula de forma tão cheia a personagem que (a) escolheu e, neste caso, esse golpe de sorte volta a acontecer. Graças a ela e a um argumento que, volto a sublinhar, percebe perfeitamente quem é a Diana, todo o filme brilha - mesmo que, por vezes, tenha uma ou outra opção de enredo que se estranha.
Como podem concluir, é muito difícil ser objetivo quando escrevo sobre uma personagem que me diz tanto. A Mulher-Maravilha é uma protagonista que faz falta a um mundo cínico, negro e isolado, em que estamos atomizados nas nossas casas, refugiados nos nossos egos e nas nossas preocupações pessoais. A Diana oferece altruísmo, sacrifício, esperança e sorriso quando o mundo inteiro ameaça ruir à nossa volta. Ela tem conflitos e dúvidas como todos nós, mas persevera porque tem de ser, porque precisamos dela. Ela é mais do que mãe. Ela somos todos nós no nosso melhor. E precisamos, de vez em quando, de ser lembrados de que somos bons e dispostos a fazer mais pelos outros. A compreender os outros. Sem violência, mas antes com diálogo e empatia. Isso é a Diana para mim e é também por isso que este filme é tão importante para os dias de hoje.
E agora o final deste post, que também vai ser um final para nós, aqui no blogue. Acho apropriado o último post que escrevo ser sobre a Diana - ou o penúltimo, se quisermos ser técnicos e não emocionais. Chegou a altura de dizer um "até logo, vemo-nos no mundo real!". Amanhã digo os adeus apropriados, mas queria já escrevê-lo aqui, porque ressoa bem. É melodioso.
Obrigado a todos os que me leram. E obrigado à Diana, à Patty e à Gal. Não existem emoções grandes o suficiente, palavras eloquentes o suficiente, para agradecer-vos a todos.
3 comentários:
Bem. Depois disto tenho mesmo de ir ver o filme. Este teu texto é gigante de emoção e até te imagino de olhos a brilhar e a escrever de coração ao alto. Notei que tens tanto mais para dizer da tua Wonder Woman que penso que o Acho que Acho iria explodir de emoção e fugir ao controlo. Tenho de ir ver isso. Depois falamos Zé! Depois partilharemos emoções. Grande Abraço.
Nuno Mata
Obrigado e vemo-nos num copo num bar qq.
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