Tenho participado de uma brincadeira no Facebook: enumerar uma BD por dia até 2020. Começou há alguns meses, e agora dou-me ao trabalho de aqui a reproduzir. Mostro, hoje, as escolhas desta semana, com link na imagem para o texto que escrevi sobre o livro, ou um nhónhózinho, caso ainda não tenha falado dele.

Esta semana continuamos, até dia 18 de Novembro, histórias do Renascimento da DC que acho (que acho) valerem a pena. 


Doom Patrol vol. 6 (2016) 1-12 de Gerard Way e Nick Derington. Way, ex-vocalista dos My Chemical Romance, nunca escondeu a sua predilecção pelo trabalho de Grant Morrison. A sua Umbrella Academy é disso prova. Esse amor e devoção tornaram-se ainda mais óbvios quando é convidado a criar um selo para a DC, Young Animal, com a sua curadoria e autoria. Ele fica a cargo a Doom Patrol (Patrulha do Destino), e a sua interpretação é quase uma sequela directa do trabalho de Morrison. Apesar dos vários problemas de atrasos, não deixou de ser um digno sucessor (muito melhor desenhado) do trabalho do seu ídolo. A série ainda continua, com um segundo volume, que parece que acabará no número sete.





Mister Miracle vol. 4 (2017) 1-12 de Tom King e Mitch Gerards. Uma das mais-valias da DC Comics, pós-1986, foi a sua capacidade de contratar autores com uma linguagem muito sua, para interpretar algumas das suas personagens. Lembrem-se do Animal Man de Grant Morrison ou o Batman de Frank Miller/David Mazzuchelli. Com o DC Rebirth, parece que quiseram recuperar esse lustro, perdido algures em meados da primeira década deste século XXI. Uma dessas tentativas foi este multi-premiado Mr. Miracle, do escritor sensação do momento, Tom King.


É, ao mesmo tempo, uma abordagem única sobre esta personagem criada por Jack Kirby, e uma reflexão sobre uma das "manias" do escritor, o casamento. Uma das melhores leituras desta década.


Metal, Dark Nights 1-6 de Scott Snyder e Greg Cappulo e vários especiais, nomeadamente, Dark Days The Forge, Dark Days The Casting, Batman The Red Death, Batman The Murder Machine, Batman the Dawn Breaker, Batman The Drowned, Batman The Merciless, Batman The Devastator, Batman Who Laughs, Dark Knights Rising The Wild Hunt, Batman Lost e Hawkman Lost.

Scott Snyder e Greg Cappulo, que tinham colaborado numa sequência bem sucedida no Batman, decidiram continuar a trabalhar na personagem, mas desta vez juntando a banda toda do Universo DC. Num evento com o ritmo de uma canção Metal, construíram uma explosão carnavalesca típica de supers, não aconselhável a quem não os lê regularmente e muito menos a quem não está habituado às complicações do Universo de DC. Ainda assim, se desligarem o adulto complicado que há em vós, deixarem-se ir, ligarem o vosso lado metálico e despojado, pode ser que gostem de ver o Batman a cavalgar dragões com a cabeça do Joker. É uma sugestão.


Ah... e, sim, a Diana tem um papel importante, daí a imagem.


Superman vol. 1-18 (2018) de Brian Michael Bendis e Ivan Reis. O escritor Bendis mudou-se da Marvel, onde trabalhou por 17 anos, para a rival DC e trabalhar num dos nomes mais reconhecidos da BD, o Homem de Aço. O que ele está a fazer com a personagem é, ao mesmo tempo, a continuação do que veio de trás e uma evolução séria, principalmente pelo que aconteceu na semana passada, no número 18. A história não só não acabou como tem ainda muito para dar. Ajudado pelo desenho fabuloso de Ivan Reis, Bendis tem, nesta revista homónima do Super-Homem, um enorme ecrã de cinema, onde exibe um blockbuster todos os meses.

Terrifics 1-14 de Jeff Lemire com vários. Depois do fim de Metal, Dan Didio prometeu uma linha de revistas com enfoque nos desenhadores, a que chamaram New Age Of Heroes. A linha foi uma gigantesca decepção e uma enorme falta de respeito aos fãs da DC. Nenhum dos desenhadores originais ficava mais que três números consecutivos (ou pouco mais), e alguns nem duraram um primeiro número inteiro (sim, a sério). No meio desta desastre editorial saca-carteira existiu um oásis, este Terrifics, do escritor Jeff Lemire. O prolífico autor conseguiu mais um sucesso, este uma declarada e descarada homenagem ao Quarteto Fantástico da Marvel. Os primeiros três números ainda tiveram o trabalho de Ivan Reis, mas os desenhistas que se lhe seguiram pouco ficavam atrás. Infelizmente, o trabalho de Lemire durou apenas 14 números, mas, nos dias de hoje, é uma sequência de 100 à antiga.

Hawkman vol. 5 1-12 (2018) de Robert Venditti e Brian Hitch. Eu tenho uma teoria sobre os fãs da DC. Aqueles que conhecem relativamente bem a personagem do Hawkman são fãs sérios, e os que gostam da personagem já entram, perigosamente, na obsessão com a editora. Eu sou dos últimos - calma, eu estou bem e (acho) que não preciso de medicação.

É uma das personagens mais obscuras da DC e, ao mesmo tempo, das mais antigas. Esta nova tentativa de o escrever (periodicamente lá aparece uma), correu particularmente bem. Descomplicou a mitologia e deu uma boa história. O que, com esta personagem, é um feito.





Justice League Dark vol.2 (2018) 1-17, Annual 1, The Witching Hour Specials de James Tynion IV e Alvaro Martinez Bueno (e ainda não acabou).

Agora que estou quase a chegar ao fim, nada como acabar em beleza, com um dos meus títulos favoritos da actualidade. Claro que ajuda que a Mulher-Maravilha é uma das personagens principais, mas não é, nem de longe, nem de perto, só isso. A dupla Tynion IV e Bueno já tinha colaborado anteriormente no Detective Comics, mas é neste título que excedem todas as minhas expectativas. Imerso no folclore místico e mágico da DC, é pura aventura de supers, bem contada, não descurando o desenvolvimento das personalidades e a sua evolução, enquanto seres humanos e mitológicos. Sistematicamente, é um dos meus divertimentos mensais favoritos.


Doomsday Clock 1-12 de Geoff Johns e Gary Frank. Ontem, dia 18 de Dezembro, foi um grande dia para os fãs da DC. Entre muitos outros eventos, acabou o Doomsday Clock, a história que prometia ser a continuação dos Watchmen de Alan Moore e Dave Gibbons e uma reflexão sobre os últimos 30 anos de BDs nos EUA, em geral, e da DC Comics, em particular. É verdade que este final ainda está fresco (li-o ontem), mas fica o turbilhão de um gigantesco elogio. Sem spoilers, é uma verdadeira homenagem ao que os supers representam, à História e Mitologia da DC e a algumas das suas maiores personagens. E, desta vez, nada vai ficar mesmo como dantes. Venham mais 80 anos que eu estou cá para os ler.

Obrigado, Jerry Siegel, Joe Shuster, Bob Kane, Bill Finger, William Moulton Marston, Alan Moore, Dave Gibbons, Geoff Johns, Gary Frank.

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