Love, Death & Robots na Netflix

No passado dia 15 de Março deste ano da graça de 2019 estreou, no serviço de streaming da Netflix, a série de animação para adultos Love, Death & Robots. Produzida por  Joshua Donen, David Fincher, Jennifer Miller Tim Miller, é uma compilação de 17 episódios antológicos com uma temática informal claramente expressa pelo título. De duração variante e geralmente curta (no máximo 20 minutos e no mínimo de 5), os 17 capítulos acompanham diferentes situações, personagens, épocas e estilos de ficção para pintar um quadro geralmente cínico, inteligente, aterrorizante e, em alguns episódios, cheio de humor (ou não tivesse o realizador de Deadpool à frente da mesma). Num registo quase sempre distópico, é um Black Mirror light, no melhor sentido desta classificação.


Existem duas enormes vantagens nesta maravilhosa e viciante série (desafio a não verem os 17 episódios de uma vez - é que eu não consegui):  as histórias e a animação são de diferentes estilos. Começo pela segunda virtude. Varia entre a feita por computador, ao melhor que os jogos de computador já hoje conseguem fazer, e a clássica - esta última escolhendo estilos diferentes, desde um quase Disney, até um art déco delirante. Feita em diferentes países, cada animação espelha uma paleta de soluções diferentes e adaptadas à história que é contada. E nada como aproveitar esta ponte para falar da outra das forças deste Love, Death & Robots. Ainda que existam, como não poderia deixar de ser, enredos que interessam ou cativam mais que outros, a qualidade transversal é elevada. Os estilos, quase sempre no domínio da ficção cientifica, variam entre registos de terror, cyberpunk, steampunk, pós-apocalíptico, etc. E se não gostam de um episódio, podem ter a certeza que, daí a 10 minutos, podem estar a ver um que vos deixa completamente siderados. 

Um aviso é sempre importante aqueles que são mais susceptíveis. A estética é adulta e com extrema violência, sexo e situações mais maduras que a normal na ficção dos dias que correm - graças à Netflix por isso, que a minha idade precisa de coisas menos assépticas e fofinhas.

No que respeita a este que vos escreve, vários destes contos deixaram-no de boca aberta. Logo o segundo, Three Robotspassou ao meu top 3, e é um conto com robôs, cenários pós-apocalípticos e gatos, cheio de humor e com um twist final delicioso. O título do sexto, When The Yogurt Took Over, diz (quase) tudo o que precisam saber para delirarem com este conto surreal e (novamente) cheio de humor corrosivo. Good Hunting, um conto medieval chinês com inspirações fantásticas e steampunk (e se isto não vos cativa, não sei o que vos cativa), é um outro dos meus três favoritos, com uma história bela, suave e, ao mesmo tempo,  dura e sem compromissos. Zima Blue, o 14.º e o que completa o Top 3, para além da animação que mais me deliciou, fala sobre Arte e sobre as outras coisas bem mais simples e importantes da vida. Ice Age é realizada por Tim Miller e o único conto que mistura também imagens e actores bem reais. É uma deliciosa história que envolve frigoríficos, nascimento e morte de civilizações e mirones. Finalmente, no 16.º episódio, Alternate Histories responde, de forma muito divertida, ao que aconteceria se Hitler morresse muito antes da 2.ª Guerra Mundial. 

Love, Death & Robots é um vício, uma delícia e uma lufada de ar fresco. Parabéns à Netflix.

Sem comentários: