O vício do mês - versão Dezembro de 2016




Já são muitos anos a virar frangos. Desde os cinco anos de idade a ler Banda Desenhada em geral e de super-heróis em particular. Começou pelo Homem-Aranha e progrediu para todos os outros. Transformou-se em mais do que um vício, que continua até hoje. Todos os meses desloco-me à minha loja de BD favorita e de lá venho com A Pilha. Alguns dos livros dessa pilha leio com mais prazer do que outros, é verdade, mas leio tudo.

A DC está de volta

Action Comics #967-968 da DC Comics
Batman #10-11 da DC Comics
Batman Annual #01 da DC Comics
Cave Carson has a Cibernetic Eye #02 da DC Comics
Detective Comics #944-945 da DC Comics
Doom Patrol #03 da DC Comics
Earth 2: Society #18 da DC Comics
Justice League #08-09 da DC Comics
Mother Panic #01 da DC Comics
Shade, the Changing Girl #02 da DC Comics
Superman Annual #01 da DC Comics
Trinity #03 da DC Comics
Wonder Woman #10-11 da DC Comics

Será que já posso dizê-lo a plenos pulmões? Ou será ainda cedo demais? A DC Comics que conquistou muitos fãs nas décadas de 80 e 90 estará de volta? Tudo parece indicar que sim. Começo pela nova imprint, a Young Animal, que tanto faz lembrar o aparecimento da Vertigo de Karen Berger. Dos quatro títulos em publicação (e dizem eles que não haverão mais), destaca-se claramente Doom Patrol, aliás uma das minhas revistas favoritas do mês. O trabalho de Way e Derrigton é divertido e esotérico sem, contudo, perder o fio à meada da narração e da consistência. Conseguem aludir, essencialmente, à versão de Grant Morrison, mas com novidade e modernidade. Segue-se, em favoritismo, Cave Carson has a Cibernetic Eye, um típico título DC/Vertigo, onde conceitos e personagens esquecidos da biblioteca da editora regressam com um twist de terror, mistério e conspiração. Este, junto com Doom Patrol, estão a transformar-se nos clássicos Young Animal. Finalmente, Shade, the Changing Girl e Mother Panic (este começa este mês) são interessantes, prometem, mas ainda não conseguiram cativar-me da mesma forma que os dois primeiros. Acredito, tendo em consideração o que li, que é apenas uma questão de tempo.

Do lado do universo "normal" de super-heróis, o Rebirth está a pleno gás, com mistérios a transbordarem e histórias a explodirem. Todos os meses nos últimos meses, o meu título favorito, sem desculpas, é a Wonder Woman de Rucka, Sharp e Scott. Continuam a explorar uma nova versão da origem de Diana, ao mesmo tempo que investigam as estranhas mentiras ligadas a essa mesma origem. Mentiras que parecem esconder a verdade maior por detrás do Rebirth da DC e dos Inimigos que o orquestram escondidos pelo tempo. Batman e Detective Comics provam, mês sim e mês sim, que o Cavaleiro das Trevas, por mais títulos e histórias que se publiquem, continua a ser chão fértil para a inspiração dos muitos artistas que insistem em trabalham com ele. Mesmo mais de 75 anos depois da sua criação, o personagem é tão rico que Tom King no Batman e James T Tynion IV no Detective Comics produzem enredos cativantes. A mesma sorte não tem o Homem de Aço. Se do lado da revista homónima, Superman, o trabalho de Tomasi e Gleason é maravilhoso, explorando de forma primorosa a nova fase do personagem, a de ser pai, o mesmo continua a não acontecer com Jurgens em Action Comics. Os argumentos são formulaicos e apenas persistem graças aos mistérios ligados ao Rebirth e a alguma dose de saudosismo. Curiosamente, os anuais de Batman e Superman são interessantes, principalmente o do primeiro, que colecciona várias pequenas histórias, muitas delas com uma qualidade superior. Do lado da Santíssima Trindade, resta o título que os reúne aos três, Trinity, que este mês ressente-se pela ausência do lado desenhista de Manapul, que continua, contudo, a escrever a história. Este é uma revista que tem tudo para funcionar mas que pode também cair facilmente na rotina e no facilitismo. A ver vamos se este artista tem arcaboiço para prosseguir.

No lado das equipas, este mês regressei a Earth 2: Society, mesmo a tempo para, daqui a uns meses, ver o seu cancelamento. Mas qualquer título que prometa o regresso da Sociedade da Justiça é sempre algo a estar atento. Não é maravilhoso mas muitos degraus acima do que estava ser feito com este título deste que o larguei no mal-fadado Convergence. Justice League recupera algum do lustro com a história deste mês mas continua a ser, ao mesmo tempo, um triste desperdício. Brian Hitch não tem o mesmo talento como escritor que tem como desenhista. A Liga necessita de muito mais. A Liga precisa dos melhores dos melhores a trabalhar nela. Pode e deve ser Hitch mas não a escrever.

Os momentos finais da segunda Guerra Civil da Marvel


Avengers #01 da Marvel
Avengers #1.1 da Marvel
Champions #02 da Marvel
Civil War II #07 da Marvel
Dr. Strange #14 da Marvel
Ms. Marvel #13 da Marvel
Scarlet Witch #12 da Marvel
Spiderman #09 da Marvel
Spiderman/Deadpool #11 da Marvel
Spider-Woman #13 da Marvel
Ultimates #01 da Marvel

O evento Civil War II está quase no final (alguns meses depois do previsto) e, como é natural nestas coisas que dependem mais do enredo do que da história, perde um pouco do gás à medida que o tempo passa. Ademais, os repetidos atrasos da mini-série levaram à revelação de alguns dos mistérios em outras revistas. Mesmo tendo em consideração este facto, o número deste mês de Civil War II é particularmente mais fraco que esforços anteriores, ficando a duvida do porquê da extensão de sete para oito números. No ano passado ocorreu a mesma coisa com Secret Wars mas nesse não tive a sensação de desperdício como neste. É esperar pela conclusão.

Felizmente, agora que limpei muitas das revistas que não gostava, a pilha da Marvel está reduzida ao que considero mais importante. Quero destacar este mês um número bastante agradável de Champions, onde Waid e Ramos conseguem escapar às tribulações cansativas dos eventos e concentrarem-se nos personagens para nos dar momentos divertidos e ternurentos. Contudo, pelo mesmo escritor e do lado dos Avengers, quer a revista homónima, quer o número especial pouco oferecem para lá de uma aventura generalista do grupo de super-heróis. Vamos ver mais um confronto com  Kang, mestre do tempo, o que, por si, não tem nada de mau, mas, até agora, parece mais do mesmo. Não é aborrecido mas também não é especial, e depois de muitos anos a virar estes frangos já esperamos um tempero fora de série, mais ainda pela imaginação de Mark Waid. O melhor título dos Vingadores continua a ser Ultimates, que ganha uma versão 2.0 (sem necessidade), onde espero que a saga iniciada na temporada anterior (a Marvel agora quer fazer as coisas assim, não sei para quê) tenha uma conclusão satisfatória. O problema da Marvel é que, muitas vezes, tem alergia em acabar histórias, ou seja, continuam sempre e sempre e sempre. Espero não ser o caso de Ultimates.

Finalmente, do lado do não-mexe-que-está-muito-bem-assim temos Dr. Strange, Ms. Marvel,  Scarlet Witch, Spiderman e Spider-Woman. No caso do segundo título, há uma descida de qualidade mas vou dar o desconto do mês tal como dou para Spiderman/Deadpool, que sem os autores regulares nunca atinge as altitudes a que me habituei com Kelly e McGuiness. 

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