Convergence, oitava e última semana.


(este post contém pequenos spoilers)

Chegou ao fim. O evento DC Comics de 2015 fechou as cortinas mas não sem antes revelar uma mudança na mitologia do universo ficcional da editora. Não sei se estarei a fazer um grande spoiler mas aqui fica o aviso. A mudança é, basicamente, a abertura das portas para todas as histórias que aconteceram. Não existem mais limites - dizem eles. Quem quiser regressar a qualquer ponto da história da DC poderá fazê-lo - pelo menos é o que sites como Newsarama dizem, porque não achei que a conclusão possa ser assim tão taxativa. Contudo, se admitirmos que sim e tendo em consideração o que até já escrevi esta semana só posso ficar contente. O que, há décadas, os fãs do multiverso da DC pediam finalmente aconteceu. É verdade que (aparentemente) ainda não existem novas séries que recuperem velhas histórias e velhas interpretações dos personagens mas, a partir de ontem, as portas estão escancaradas a propostas. Querem uma revista com a Sociedade da Justiça original, a publicada pela primeira vez na década de 40? Ou quem sabe mesmo o All-Star Squadron de Roy Thomas? Querem regressar ao Super-Homem de John Byrne, a Mulher-Maravilha de George Pérez ou o Batman de Frank Miller? Querem a Justice Legion Alpha do século 853 criada pelo brilhante Grant Morrison? Pois muito bem. A partir de ontem é possível (já agora, estes títulos seriam algo que eu não me importava nada de ler). Tudo isto é exequível com a conclusão de Convergence e depois de um evento muito importante que ocorre na história (do qual não vou estragar a surpresa).

Mas, já agora, e a qualidade da Banda Desenhada propriamente dita? Apesar de a resposta a esta questão ser pouco relevante não o deveria ser. O que escrevi durante estas sete semanas continua a valer mesmo com a publicação do último capítulo. Não só a escrita e desenho não se vestem da importância do evento como este poderia ter sido contado em metade das páginas. Apesar de a conclusão ser satisfatória, ou seja, não concluir fazendo alusão, como tem sido apanágio de outros eventos, ao megaevento que deverá vir a seguir, alguns mistérios ficam por resolver: qual o verdadeiro nome de Telos? Qual o destino final de seis personagens em particular no final de Convergence?

As minisséries auxiliares, naturalmente, também concluem. Esta semana dizem respeito a vários dos conceitos pré-Crise nas Terras Infinitas, especialmente a saudosa Terra-2, onde residem as versões originais de todos os mais conhecidos personagens da DC. Outras Terras fazem a sua aparição, especialmente aquelas que foram “definitivamente” eliminadas na mesma Crise, e são visitadas com diferentes graus de sucesso e qualidade. Por motivos meramente nostálgicos gostei de rever a Infinity INC (que tem uma conclusão que poderá originar histórias entusiasmantes) e a Sociedade da Justiça, ainda que a primeira não me tenha estimulado particularmente. O mesmo não se pode dizer da despedida (pelo menos por agora) da Sociedade da Justiça original, num número particularmente bom e cativante. Um adeus que não envergonha os vetustos heróis. Um dos números que parece ter particular relevância, não só para este evento como para futuros, será o dedicado a Booster Gold. O personagem sofre uma evolução significativa que os fãs reconhecerão e cujas implicações são uma incógnita. Mas a história desta semana que merece o título da que mais gostei é Shazam. Nunca fui um assíduo leitor das aventuras destes personagens mas Jeff Parker e Evan Shaner fazem um trabalho exemplar, recheado de saudade e novidade, se é que pode conciliar-se estes dois elementos. A DC tem nestes dois nomes a oportunidade de continuar a explorar a Terra-S, que havia desaparecido desde a Crise. É curioso que a Família Marvel tenha tantos adeptos e que a sua mitologia se ofereça a tantos esforços de qualidade. Já Grant Morrison os tinha explorado carinhosamente no Thunderworld em Multiversity. 
Convergence acabou. Vida longa ao multiverso da DC. Já não era sem tempo que regressasse em toda a sua glória – ainda que com Multiversity e Justice League já o soubéssemos.

2 comentários:

SketchbookPT disse...

Tendo em conta que nos dias que correm não tenho um tusto para gastar em Banda Desenhada (fraldas, leite em pó, halibut, cada um custa tanto como um TPB)muito agradeço que neste último post sobre o Convergence tenha perdido o medo dos spoilers.

Não sou grande apreciador da DC, mas fui acompanhando os seus posts sobre esta maxi-série e acabei no final por me ver a partilhar o seu entusiasmo por este final.

Pedia-lhe era que no final de Secret Wars voltasse a libertar uns quantos spoilers que eu tenho umas quantas teorias sobre o final da Marvel 616 e gostava de no final emitir um "Damn you! God damn you all to Hell!" digno do final de Planeta dos Macacos

SAM disse...

Obrigado pelo comentário, sketchbook. É bom saber que faço algum tipo de serviço público com estes nosso gosto e com as palavras que vou escrevendo sobre ele. Vou tentar pôr ao corrente, nas semanas que se seguem, acerca também de Secret Wars. Não é porque coisas mais importantes como os filhos nos preenchem que devemos esquecer esta nossa paixão.