Convergence, a quarta semana.




E assim acaba o primeiro de dois ciclos. Na quarta semana do evento da editora DC Comics, são reapresentados - aos fãs de longa data e aos mais novos - personagens que estavam desaparecidos há mais de três décadas. Quando a Crise nas Terras Infinitas acabou, acabou com ela um universo mutifacetado, um multiverso onde coexistiam diferentes versões dos mais conhecidos ícones da editora: Super-Homem; Batman; Mulher-Maravilha; Liga da Justiça; etc. A saga fechava com a simbólica vitória e desaparecimento do primeiro de todos os super-heróis: o Super-Homem de 1938. Depois da sua saída de palco, fechava-se a cortina a outros memoráveis e históricos personagens:  à Terra-2, casa da Sociedade da Justiça, o primeiro grupo de super-heróis da História; à Terra-3, onde habitavam versões maléficas dos maiores personagens da DC Comics; à Terra-X, onde os nazis haviam vencido a 2.ª Guerra Mundial; etc. Os diferentes autores que trabalharam para o novo universo simplificado pós-Crise fizeram regressar estes velhos nomes mas em circunstâncias diferentes. Não deixavam de ser os conceitos que tantos tinham amado mas, no coração dos corações dos fanáticos de BD, daqueles para quem uma única e contínua história sem interrupções é tudo (também conhecida por continuidade), não eram as versões originais. Ora, nesta quarta semana de Convergence regressam os últimos que faltavam regressar.

Apenas por este pequeno pedaço de nostalgia, já vale a pena dar uma olhada pelo menos às minisséries auxiliares do evento. É nelas que reside a totalidade do interesse de Convergence, já que a série principal, pelo menos até ao momento, continua a ser parca em entusiasmo, com argumento, heróis, vilões e motivações dejá vu. Não que tantas outras séries não sejam iguais nesta sensação de repetição mas a execução é de tal forma amadora que só podemos desejar que acabe depressa. Como já disse em posts anteriores, a DC Comics poderia ter apostado em talentos mais robustos. 

A fornada desta semana das minisséries auxiliares não tem, como em outras, exemplares acima da média mas, de uma forma geral, também não acontecem decepções irritantes. Os números do Crime Syndicate (os tais vilões da Terra-3), da Justice Society, Shazam e Wolrd's Finest são os que, para mim, mais se destacaram. Foram estes os que melhor agarraram nos mundos capturados pelo vilão-que-só-podia-existir-na-BD e exploraram os problemas gerados e sempre da perspectiva da personalidade dos heróis. Estou com particular curiosidade para saber se será este a definitiva coda para os primeiros heróis da DC como a Sociedade da Justiça (que finalmente vemos  a sofrer com os problemas físicos da idade) e o Super-Homem de 1938 (que, sim, afinal não está morto... bem vindos ao mundo dos super-heróis). Será este o adeus definitivo a estes personagens fictícios que merecem uma despedida de honra fictícia? 

Também é nesta semana que é contada a história mais relevante nestas minisséries, com o obscuro personagem Booster Gold, que, fora dos ferrenhos fãs da DC, ninguém faz a mínima ideia de quem seja. Através deste são interligados vários anos de histórias relacionadas com o multiverso DC, fazendo uma ponte para o que Grant Morrison fez em Multiversity e o que parece que Geoff Johns irá solidificar nos seus futuros números da Liga da Justiça. Não é um número que valha pela qualidade artística, infelizmente, mas que ata um laço à volta de um conjunto de eventos, como é apanágio nestas coisas da banda desenhada de super-heróis.

Convergence não promete ser mais que uma pausa no avanço inexorável de outras histórias mas que poderia ter sido melhor executada. Como a esperança é a última a morrer, cá continuarei. Nem que seja porque depois de ler Multiversity, Justice League # 40 e o número da DC do Free Comic Book Day protagonizado também pela Liga da Justiça, estou entusiasmado com a continuação do regresso do meta-textual-multiuniverso da DC Comics - em breve fala-vos disto.

Sem comentários: