Convergence, a terceira semana.


Aviso à navegação: este post não é para os que tem apenas atracção pela Banda Desenhada de super-heróis. Não há nada de mau em serem turistas, mas os que habitam há muitos anos estes mundos sabem que navegar no multiverso da DC Comics é só para os munidos dos melhores mapas, da melhor das memórias, do maior dos amores. Repito: não há nada de mal em serem observadores casuais mas ler Convergence e acompanhar as minisséries auxiliares não é para os que têm apenas um conhecimento geral dos personagens e eventos. Não basta olhar para as páginas e dizer: "Olha, aquele é o Super-Homem!". Não! Terão também de saber que versão, de que Terra, de que época, de que evento. E se não percebem o que acabo de dizer então estão em maus lençóis.  Convergence  é para os fãs hardcore. É assim e não é de outra maneira.

Dito isto, bem-vindos à terceira semana de Convergence, uma das mais aguardadas por muitos fãs. A semana onde regressam as versões dos personagens da DC que antecederam a mais importante de todas as sagas, Crise nas Terras Infinitas. As versões que marcaram algumas das gerações mais velhas, a versão que certos fãs guardam no coração com saudade e nostalgia. Os leitores mais assíduos deste Blog sabem que esta não é a "minha versão". Apesar de ter tido contacto com ela, não tinha acesso a número suficiente de BD's para ela me ter tocado particularmente. Contudo, fascinava-me. Mesmerizava-me. Já era o meu universo favorito de super-heróis antes de o ser.

As minisséries auxiliares continuam a ser a grande atracção deste evento. As desta semana não desapontam (tanto). As minhas favoritas foram as que se focaram no Hawkman, Mulher-Maravilha e Supergirl. Os dois primeiros são dos meus personagens favoritos da editora mas não foi apenas isso que me atraiu nas respectivas histórias. A equipa criativa esforçou-se por espremer um pouco mais deste evento, entrando na premissa geral sem esquecer o desenvolvimento  das personalidades e de um comentário mais profundo acerca deste estranho mundo de cidades engarrafadas. Larry Hama escreve sobre o mundo da Mulher-Maravilha de forma convincente e adulta (ou, pelo menos, tanto quanto lhe é permitido). Jeff Parker envereda por outra estrada, ao recuperar uma muito antiga saga de Hawkman, Shadow War, mas de forma não insular. Acompanhado pelos maravilhosos desenhos de Tim Truman (que regressa ao personagem que ajudou a crescer) e Enrique Alcanena temos um dos melhores números deste Convergence. Finalmente, Marv Wolfman entrega-nos uma Supergirl cheia de nostalgia e doçura.

Infelizmente, existem duas decepções que não mereciam sê-lo: os regressos de Marv Wolfman aos New Teen Titans e de Len Wein a Swamp Thing. Ambos são os criadores dos dois livros mas desapontam. Não só pouco ou nada surpreendem (pela qualidade e não pela inovação, que eu não esperava), como mesmo com a ajuda de dois desenhistas muito interessantes, Nicolla Scott e Kelley Jones, respectivamente, não se esforçam para entregar aos leitores algo acima do banal. Sabe a oportunidade perdida. Deveriam ser excepcionais e, infelizmente, contentaram-se com o trivial.

As restantes minisséries estão no meio-termo, não se destacando pela qualidade mas entregando momentos de diversão e saudade que, de uma forma geral, não desapontam. Destaco Batman & The Outsiders que, à semelhança da Mulher-Maravilha de Larry Hama, vai um pouco além e esforça-se por pequenos apontamentos de maturidade.

A série principal avança a passos lentos e, continuo a dizê-lo, não particularmente interessantes. O vilão é generalista. A premissa pouco entusiasmante. Os heróis, apesar de virem de uma série, Earth 2, que durante segundos gostei bastante, não são desenvolvidos de forma arrebatadora. Por exemplo (pequeníssimo spoiler), o destino final de um dos mais interessantes heróis desta série é revelado, mas de forma tão anti-climática e desprovida de catarse que sabe a fraude. A BD de super-heróis tem destas coisas. Na pressa de chegar à nova versão de um personagem, abalroam as anteriores de forma desencantada e despachada.  Já era tempo de aprenderem. Em suma, uma série que basicamente acompanha-se porque tem que se saber qual o próximo grande desenvolvimento do universo DC. A editora não precisava poupar uns trocos na equipa criativa para fazer isto.

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